E a Brisanet estará em breve nas favelas do Nordeste! Semana passada foi anunciado investimento da empresa cearense que pretende instalar internet em 5 favelas do Nordeste, dentre elas aqui no Rio Grande do Norte, e que alcançará mais de 600 mil novos usuários. Tudo, claro, como acontece em grandes investimentos, com recursos garantidos pelo BNDES, um investimento total de R$ 214,5 milhões.
A notícia leva a algumas reflexões. A primeira delas, do ponto de vista comercial, é o fato de que a empresa está bem, continua em sua mágica expansão e obteve um boa parcela de seu novo investimento com empréstimo do Governo Federal (certo, de forma indireta, via BNDES) com recursos públicos originários do tal Fust, o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações, uma contribuição que todos nós pagamos e que vemos pouco seus efetivos resultados. São, portanto, tributos do contribuinte que servirão para financiar um negócio privado, privado e lucrativo. É assim que o “jogo é jogado”.
Por outro lado não podemos deixar de valorizar o benefício que está sendo prometido, pois significa que uma grande parcela da população brasileira ainda tem dificuldade de acessar um serviço que hoje, e até mesmo pelo Judiciário, é considerado como essencial, tanto quanto o fornecimento de água e energia elétrica. É claro que 613 mil pessoas que deverão ser beneficiadas, se comparada à população somada dos 5 estados nordestinos, não representam um percentual impactante. Mas, a conta não pode ser esta, pois o público-alvo é justamente aquele que tem mais dificuldade de acessar serviços básicos, de entrar no mercado consumidor e, quando se trata de internet, de ter a possibilidade de ser um cidadão como os demais, com acesso à informação, à comunicação e à multiplicidade de serviços que hoje fazem parte do nosso dia a dia.
Tenho convicção que foram feitos vários estudos de mercado a partir da natural inquietação da empresa de ter rentabilidade com o investimento, ou seja, a Brisanet não está pretendendo fazer nenhuma caridade ou assistencialismo puro, está pretendendo fazer o que faz com todos os seus negócios, vender um serviço pensando no lucro. Normal. Mas, fico na dúvida quanto à análise de eventuais investimentos públicos que poderiam ser realizados pelas prefeituras ou governos estaduais para oferecer internet gratuita.
Temos alguns, mas acho que são poucos e pontuais, exemplos de internet gratuita em pontos muito específicos da cidade, como praças públicas. Ano passado conheci o exemplo de Messias Targino, o belo trabalho de oferecer internet gratuita na praça principal da cidade; entendo que não é possível oferecer em toda a cidade não somente pelo custo de implantação mas também pela concorrência desleal que provocaria no mercado e que poderia significar um retorno à vetusta ideia do estatismo a todo custo (quando o próprio poder público não detém o monopólio da saúde e da educação, não haveria sentido ter logo o monopólio da internet!).
Empréstimo anunciado pelo BNDES, Brisanet em breve com dinheiro em caixa e, é que se espera, o mais breve possível começar a oferecer seus serviços nas favelas. Temos algumas favelas aqui no RN, esperamos que todas sejam contempladas e, os moradores, acredito, esperam o mesmo que todos os demais consumidores: serviço de qualidade por preço bem acessível. Em breve saberemos.
Obs: são 416 favelas nestes 5 estados; haja favelas, muita ação social necessária.
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