segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Carnatal e shoppings

 

Mais um Carnatal encerrou neste final de semana, não tão grandioso quanto antigamente, nos tempos áureos em que movimentava muito a cidade, mas ainda com alguma expressão e com boa participação que, salvo engano, foi anunciada em mais de 100 mil pessoas, ou, na média mais de 30 mil pessoas na sexta, e no sábado e no domingo. É que o número de 100 mil parece indicar que é todo esse povo mas, como o evento dura 3 dias, não dá para imaginar tudo isto...

 

Houve tempo em que Carnatal era muito criticado pelo comércio local que argumentava que a data coincidia com o melhor período do ano, das vendas de Natal. Alguns diziam que muita gente ia ao Carnatal e comprava os abadás caros (ainda continuam, aliás) o que comprometia a compras de final de ano. Nunca achei que fosse tudo isto, embora, é claro, algumas pessoas acabam optando por uma despesa ou outra, nem todo mundo pode fazer duas despesas tão elevadas no mesmo mês.

 

Mas, parece que agora a crítica desistiu de persistir ou então foi menos divulgada.

 

Acho que alguns fatores podem contribuir para a mudança de discurso. A primeira delas é que hoje com as compras eletrônicas não há mais a mesma concentração somente no mês de dezembro, embora continue sendo o melhor mês comercial. A outra é que as compras eletrônicas, assim como o Carnatal, permitem a utilização do cartão de crédito e o escalonamento da dívida, criando a ilusão de que se dividir no cartão parece que a despesa é menor; estranho, do ponto de cista econômico, mas real do ponto de vista da psicologia do consumidor.

 

Mas talvez uma mudança maior ao longo dos últimos anos tenha sido o público consumidor dos blocos e camarotes. Quando o evento era bem imponente o público principal era de natalenses ou de potiguares, poucos eram – quantitativamente – os turistas que passavam aqui; é claro, sempre existiram mas não na dimensão atual. Hoje, pelo menos em termos de sensação que fica, é que os “locais” já não comentam tanto sobre o Carnatal, como se houvesse uma redução deste segmento na festa dos 3 dias.

 

Esta mudança do perfil, mais turistas do que natalenses, acaba diminuindo o impacto no comércio local visto que há menor direcionamento das compras. E provavelmente o comércio já tenha analisado os números e verificado que não há muita correlação direta – e negativa – do Carnatal com a movimentação comercial na Capital. E também, espero, tenham percebido os empresários que o consumidor não se limita apenas às compras de bens, mas também e muitas vezes cada vez mais ao consumo de serviços e deles decorrentes, especialmente a partir do turismo.

 

Nesta lógica, quanto mais turistas melhor para a nossa economia. O Carnatal parece que tem um efeito positivo. Quem diria até, se continuarmos a ter mais turistas no evento do que público local as reclamações quanto à realização da festa no mês de dezembro se transformem em elogios. Com direito a parcerias locais. Seria bom!

 

E um detalhe: ano passado na mídia noticiaram 70 mil pessoas e agora, 100 mil. Quem dá mais para o Carnatal de 2025? 150 mil, 200 mil, 250 mi?...

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