Mais um Carnatal encerrou neste final de semana, não tão grandioso
quanto antigamente, nos tempos áureos em que movimentava muito a cidade, mas
ainda com alguma expressão e com boa participação que, salvo engano, foi
anunciada em mais de 100 mil pessoas, ou, na média mais de 30 mil pessoas na
sexta, e no sábado e no domingo. É que o número de 100 mil parece indicar que é
todo esse povo mas, como o evento dura 3 dias, não dá para imaginar tudo
isto...
Houve tempo em que Carnatal era muito criticado pelo
comércio local que argumentava que a data coincidia com o melhor período do
ano, das vendas de Natal. Alguns diziam que muita gente ia ao Carnatal e
comprava os abadás caros (ainda continuam, aliás) o que comprometia a compras
de final de ano. Nunca achei que fosse tudo isto, embora, é claro, algumas
pessoas acabam optando por uma despesa ou outra, nem todo mundo pode fazer duas
despesas tão elevadas no mesmo mês.
Mas, parece que agora a crítica desistiu de persistir ou
então foi menos divulgada.
Acho que alguns fatores podem contribuir para a mudança
de discurso. A primeira delas é que hoje com as compras eletrônicas não há mais
a mesma concentração somente no mês de dezembro, embora continue sendo o melhor
mês comercial. A outra é que as compras eletrônicas, assim como o Carnatal, permitem
a utilização do cartão de crédito e o escalonamento da dívida, criando a ilusão
de que se dividir no cartão parece que a despesa é menor; estranho, do ponto de
cista econômico, mas real do ponto de vista da psicologia do consumidor.
Mas talvez uma mudança maior ao longo dos últimos anos
tenha sido o público consumidor dos blocos e camarotes. Quando o evento era bem
imponente o público principal era de natalenses ou de potiguares, poucos eram –
quantitativamente – os turistas que passavam aqui; é claro, sempre existiram
mas não na dimensão atual. Hoje, pelo menos em termos de sensação que fica, é
que os “locais” já não comentam tanto sobre o Carnatal, como se houvesse uma
redução deste segmento na festa dos 3 dias.
Esta mudança do perfil, mais turistas do que natalenses,
acaba diminuindo o impacto no comércio local visto que há menor direcionamento
das compras. E provavelmente o comércio já tenha analisado os números e
verificado que não há muita correlação direta – e negativa – do Carnatal com a
movimentação comercial na Capital. E também, espero, tenham percebido os
empresários que o consumidor não se limita apenas às compras de bens, mas
também e muitas vezes cada vez mais ao consumo de serviços e deles decorrentes,
especialmente a partir do turismo.
Nesta lógica, quanto mais turistas melhor para a nossa
economia. O Carnatal parece que tem um efeito positivo. Quem diria até, se
continuarmos a ter mais turistas no evento do que público local as reclamações
quanto à realização da festa no mês de dezembro se transformem em elogios. Com
direito a parcerias locais. Seria bom!
E um detalhe: ano passado na mídia noticiaram 70 mil
pessoas e agora, 100 mil. Quem dá mais para o Carnatal de 2025? 150 mil, 200
mil, 250 mi?...
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