sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Ferreira Costa: um bom sorvete

 

A loja da Ferreira Costa impressiona quem anda e quem chega por Natal. Quem é da cidade sabe que ali um dia foi uma tentativa de um grande supermercado, o Hiper, que por algum motivo não deu certo, e tinha quase sempre boa ocupação do estacionamento quanto ainda eram os tempos de aulas presenciais na então Facex, ali do lado. Sabe também que o trânsito da cidade foi modificado para melhor adequar o acesso à Capim Macio e Ponta Negra e, claro, visto que a loja estava ali, acabou também facilitando o acesso à loja, ainda que o motorista não tivesse tal intenção.

 

Para quem não conhece  a loja por dentro fica impressionado com o tamanho do empreendimento, uma área bem grande que vende muito mais do que material de construção. Não vende roupa nem alimentação humana nem produtos de beleza mas vende quase todo o restante – além de material de construção e utensílios para casa – em um estilo de antigamente das chamadas lojas de departamento, de querer vender tudo; é que a finalidade é fazer com o que consumidor encontre tudo (ou quase) e tenha sempre como primeira opção de compras aquela loja do (quase) tudo.

 

Fui poucas vezes por lá, comprei alguma coisinha, nada que me faça ser um grande cliente deles. Mas gostei de andar pela loja e de ver a quantidade e diversidade de produtos. Realmente é muita coisa. Fico imaginando quanto tem ali dentro da Ferreira Costa em estoque; ou melhor, quantas dezenas de milhões estão ali espalhados na loja.

 

A loja é grande, o estacionamento idem, e os corredores, pelo menos nas poucas vezes que fui, permitiam uma circulação tranquila, nenhum tumulto, pouca gente até, considerando a dimensão da loja e filas pequenas. Bom, neste aspecto, para comprar. O investimento, insisto, foi elevado: primeiro para comprar o ponto, depois para fazer as mudanças no espaço da loja e, eventualmente, na adequação das ruas de acesso. Mas fico me perguntando mesmo é se o negócio continua a ser rentável tanto quanto as planilhas e os cálculos indicavam; é que não vejo a loja muito lotada.

 

Já fui a eventos que fizeram por lá, na entrada, acho que na tentativa de atrair novos públicos. Não sei se funcionou pois o espaço ali para eventos e montagem de estandes é um pouco difícil para oferecer uma boa circulação e uma boa visibilidade aos expositores; talvez não tivesse sido planejado para eventos, talvez se esperasse que haveria tamanho fluxo de pessoas que não teria sentido colocar estandes nos pontos de acesso e circulação.

 

Tem, além da loja, outros pontos comerciais, uma casa lotérica (tem sempre gente) e uma praça da alimentação que, coincidentemente, nas vezes eu fui, estava pouco ocupada. Tem até uma sorveteria que se propõe a alguns sabores diferentes e até sorvete vegano (deve ser a lógica comercial visto que alguns sabores serão necessariamente vegano); e o sorvete é até bom. Acho todas as vezes fui por lá aproveitei para consumir um sorvete. Foi um grande investimento e espero que tenha tido uma rentabilidade satisfatória para continuar a justificar sua existência no mercado natalense; para evitar que possa fazer falta também aos comércios que estão por lá.

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Quanto vale o Nordestão?

 

De vez em quando tenho esta curiosidade de saber quanto vale o Nordestão, qual é o preço de mercado na hipótese de haver algum interessado na negociação e adquirir suas lojas, seu negócio. Não tenho ideia do valor, mas acho que teria que ser um bom investimento para adquirir não somente as lojas mas o nome, sua marca e sua identidade/identificação com o consumidor local.

 

O Nordestão, em que pese alguns comentários de que “é caro”, tem uma identificação com o público potiguar que garante o prestígio da marca e faz com que o movimento nas lojas seja intenso, apesar da forte concorrências das grandes marcas, nacionais e internacionais. Enfrentá-las não é simples e exige constante avaliação das novas estratégias e, muitas vezes, de acompanhar de perto a movimentação dos concorrentes, saber o que estão fazendo para no mínimo acompanhá-los nas mudanças.

 

Acho que uma outra grande vantagem do Nordestão é a idade. Explicando melhor, não é a idade em função dos anos em que foi fundado e de sua história em Natal e, mais recentemente, na Grande Natal. Mas, é o fator idade que permitiu que algumas lojas estejam geograficamente em locais estratégicos, em grandes corredores de circulação que fazem com que o “apelo” de entrar na loja seja bem mais fácil: já que o cliente está passando por perto, aproveita e para na loja.

 

Isto, sem dúvida ajuda, além da gestão direcionada em cada loja, em função da geografia da cidade, do posicionamento de mercado junto aos consumidores mais vizinhos, que faz com que o tal do mix de produtos na loja da Trairi (perto do Palácio dos Esportes) seja diferente das lojas que tem na Roberto Freire (que, aliás, as duas, uma pertinho da outra, são diferentes no estilo, formato e mix de produtos!).

 

O Nordestão já passou por várias mudanças. A mais antiga e mais icônica foi há bastante tempo, com a chegada do Carrefour que levou o supermercado a colocar ar condicionado nas lojas, uma grande “conquista” para o consumidor. Quando o Extra decidiu abrir 24h lá foi o Nordestão seguindo a ideia para pouco tempo depois abandoná-la. Já passou pela fase (continua, de novo) de ter as marcas próprias, de criar espaços para produtos orgânicos, de criar áreas para alimentação diferenciada (sem glúten) e até corredores próprios para produtos light/diet, entrou na onda de corredores para os vinhos (quanto todo mundo em Natal decidiu ser conhecedor de vinho) e tantas outras ideias inovadoras e copiadas (como é comum em todos os mercados competitivos, nenhum demérito nesta proposta).

 

A maior “inovação”, acho, é o aniversário. Acho que ninguém sabe o dia real do aniversário do Nordestão, tantas são as promoções para comemorar este momento festivo. É um grande caso de sucesso do RN e admiro toda sua trajetória.

 

Não sei qual será a nova grande novidade deles. O mercado e (desculpem o trocadilho) o supermercado também é dinâmico. Para a pergunta “quanto vale o Nordestão” acho que a melhor resposta seria: “tem alguém querendo comprar?” E se tiver, vamos no popular, “que bote preço”.

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Hora do queijo

 Aqui temos queijo, melhor dizendo, queijos. Não me refiro à variedade de queijos, o RN não é um grande produtor de queijos, praticamente concentramos nossa produção em dois tipos, o queijo de manteiga e o queijo de coalho. Temos muitos queijos pela existência de muitos produtores espalhados em várias cidades; em determinado momento comentava que seriam mais de 300 produtores embora, no entanto, acho que cerca de 20-30 estão devidamente legalizados e podem oferecer seus produtos em todos os pontos de venda.

 

Infelizmente ainda não conseguimos (e conseguiremos?) normalizar a produção potiguar. É muito comum encontrarmos queijos – de qualidade! – em várias cidades que são comercializados sem qualquer embalagem, sem qualquer identificação do produtor e nem mesmo qualquer indício de prazo de validade. Um risco constante que sofre o consumidor que não consegue confirmar a tal da “procedência” e como se dizia muito antigamente, graças a uma propaganda em que o vendedor era quem transmitia segurança ao consumidor: “a garantia soy jo”, naquele mesclado e meloso portunhol.

 

Poderíamos ir mais adiante neste mercado produtor, que também depende do mercado consumidor disposto a conhecer novos sabores e novas marcas. Na semana passada, por exemplo, encontrei um queijo produzido em Mossoró (da marca Taboleiro)! Claro, nada contra a cidade nem sua produção, mas não imaginei haveria laticínio na cidade capaz assegurar seu fornecimento de leite; foi uma boa surpresa encontrar este produtor por lá. Outra boa surpresa é a existência da Queijeira Lima, de São Pedro que tem buscado algumas “misturas”, das quais a mais recente é o queijo com café! Comprei, mas ainda não experimentei esta mistura e espero que seja melhor que outras, visto que ainda acho que “queijo é queijo” e misturas de queijo são... misturas.

 

Quem acompanha as notícias sobre este segmento percebe que há muitas variedades mundo à fora como aqui no Brasil. Os queijos mineiros são tradicionalmente reconhecidos por sua origem e geralmente a simples menção ao nome “mineiro” passa a impressão de qualidade; mas, não se trata somente de mera impressão quando vemos os diferentes tipos que são capazes de produzir e, melhor ainda, de escoar a produção em diversas cidades do Brasil. O renome da condição de “queijo mineiro” é tão forte que nos festivais de queijo que acontecem durante a Festa do Boi, geralmente 1 ou 2 produtores são convidados a expor e vender seus produtos, bem aqui, na terra do queijo de manteiga e do queijo de coalho.

 

Esta apresentação da concorrência, de financiar a vinda de queijos mineiros aqui no RN é salutar por duas situações: primeiramente para o consumidor que terá a oportunidade de degustar sabores de qualidade ou pelo menos diferentes e, em seguida, para que os produtores locais possam visualizar as possibilidades do mercado e, quem sabe, se interessarem em fazer novas produtos; quem sabe.

 

Temos queijos, sim, no RN. Muitos, mas as experiências para degustação ainda são poucas: queijo de búfala, com a Tapuio (em Taipu), muçarela em trança e burrata da Maanaim (em Caicó) e às vezes um queijo mais curtido, da Fazenda Lima (São Pedro). Não conheço todos, claro, mas são os exemplos mais vivos que consigo me lembrar mais facilmente.

 

Na verdade, gostaria que a lista fosse bem maior. Temos queijos no RN, gostaria que tivéssemos mais queijos mas, não apenas o tal do “mais do mesmo”.

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Lavanderias são as novas “paletas mexicanas”?

 Se você já ouviu ou até mesmo se você já viu algumas marcas como Laundrexpress, Laundromat, Maria Express ou Smart então você sabe que estamos falando de lavanderias. E se você já utilizou um destes serviços então você tem certeza que entendeu o novo negócio que está surgindo pelo Brasil e que chegou com força aqui no RN: as self lavanderias ou lavanderias automáticas, aqueles espaços pequenos (às vezes em um contêiner reaproveitado) com várias máquinas de lavar e de secar roupas, geralmente bem iluminados, sem nenhum funcionário em que você resolve tudo sozinho; por isto o conceito de self. Você leva suas roupas, coloca na máquina, fica lá sentadinho e espera o ciclo de lavagem acabar.

 

Há vários destes empreendimentos espalhados por Natal, por exemplo, e os nomes que mencionei são apenas exemplos de como são batizados estes negócios, todos seguindo a mesma filosofia de trabalho e de divulgação para os clientes e com faixa de preços muito próxima entre os concorrentes.

 

Se você conhecia/entendia de negócios nos idos dos anos 2010/14 talvez você esteja se lembrando de um mesmo fenômeno empresarial-comercial que tomou conta do Brasil, e não foi diferente aqui no RN. Eram as famosas paletas mexicanas, aqueles picolés mais encorpados, com embalagens mais coloridas e com preços bem acima do mercado de um simples e comum picolé. Uma febre que tomou conta de shoppings e que virou moda pagar mais caro pelo picolé. Funcionou e funcionou bem! Mas, para poucos e não por muito tempo. Encontrei em João Scheller, colunista do Estadão, um comentário de Gilberto Verona, co-fundador e CEo da empresa-faro Los Paleteros: “Ocorreu uma prostituição do mercado. A gente abriu uma unidade conceito em Moema (zona sul de São Paulo) e depois de cerca de três meses abriram outras nove paleterias em volta!

 

E foi por isto que em 2014 a maioria das unidades fechou e hoje resistem poucos no mercado. Desta vez, não mais de força maciça mas quase como um nicho de mercado. A saturação na oferta, entre outras razões, gerou esta consequência.

 

Não tenho condições de prever se estas lavanderias continuarão mas, acredito que no modelo atual com uma crescente oferta precisaremos mudar a consciência coletiva na hora de lavar roupas, de fazer com que a pessoa junte roupas sujas, leve até o carro, vá em algum local, coloque as roupas e fique esperando por um tempinho entre a lavagem e a eventual secagem; e, claro, com um celular (antigamente eu diria uma revista, um jornal ou um livro) na mão para esperar o tempo passar, pois não há nenhuma emoção em ver a roupa girando na máquina...

 

Acho que a ideia resistirá e persistirá. É comum em outras cidades onde a prestação de serviços residenciais torna-se aliada da qualidade de vida e até mesmo da escolha do novo endereço: mudar para onde tem mais facilidades por perto. Mas, acredito que neste modelo de concorrência exclusivamente pelo preço a tendência é que haja um inchaço na oferta até a acomodação real entre oferta e demanda. E dentre estes motivos de acomodação estará a desistência de alguns investidores que verão uma margem de lucro inferior ao esperado e preferirão encerrar sua atividade.

 

Como será daqui a 3-5 anos? Espero que o serviço continue e que os negócios se mantenham. Particularmente, não entrei na onda das paletas mexicanas. Nem das self lavanderias; por enquanto, ainda não.

sábado, 14 de setembro de 2024

Natal na Copa: sim ou não?!

 Ainda na esteira do grandioso evento esportivo, os Jogos Olímpicos de Paris 2024, em que houve recorde na venda dos ingressos (a melhor marca da história, com mais de 12 milhões de ingressos vendidos e uma ocupação média de 95% dos espaços para os torcedores), temos a notícia de que Natal poderá receber jogos (ou seria apenas um único jogo) da próxima Copa do Mundo de Futebol Feminino da Fifa. Não há nenhuma proporção numérica entre este jogo de futebol, se acontecer em Natal, e a proporção de Paris 2024! Por mais que sejamos excessivamente ufanistas (desculpem a redundância), podemos no entanto utilizarmos dois tipos de comparação, dois parâmetros que Paris 2024 pode nos inspirar, aqui no RN.

 

Primeiramente a estratégia de comunicação. Não me refiro apenas à comunicação dos jogos, afinal de contas com a diversidade de esportes havia adeptos de várias modalidades, cada um com sua legião de fãs que se distribuem de forma bem espalhada pelo mundo (as torcidas nas partidas do tênis de mesa e do surf, por exemplo, não eram as mesmas). Cada federação esportiva em seu país enaltecia seus atletas e isto transformava Paris 2024 em uma verdadeira estratégia ao mesmo tempo natural (dos adeptos dos esportes) quanto incentivada (mídia e patrocinadores).

 

Se acontecer um ou mais jogos em Natal esta estratégia de comunicação dependerá pouco do próprio RN: senão, seremos um ponto no mapa para os torcedores dos países que poderiam vir acompanhar suas seleções.

 

Mas, há outra estratégia de comunicação que funcionou muito bem em Paris, por isto os 12 milhões de ingressos vendidos: a cidade preparou-se e preparou-se muito bem para mostrar aos turistas que estariam seguros e confortáveis para assistir aos jogos; mas, não é este o encantamento desta preparação, e sim a comunicação de que a cidade é acolhedora o suficiente para que qualquer pessoa possa assistir um jogo e depois aproveitar o que tem de melhor. É claro que praticamente todo mundo conhece Paris e seus icônicos pontos turísticos, mas vale lembrar que a cidade (com suas subprefeituras) organizou-se para valorizar cada espaço que pudesse ser atrativo, da “rua mais colorida” ao “melhor parque para caminhar”, além de vários locais de fun fest, gratuitos e com telões. Antes (bem antes) e intensamente Paris foi se mostrando ao mundo e encantando muita gente. Deu certo.

 

Primeiramente, portanto, seria interessante termos uma comunicação que possa atrair o máximo de turistas para Natal,  assistir ao jogo e passar mais tempo do que a simples viagem “bate-e-volta”. É fácil fazer isto? Particularmente acho que sim. Acho que é fácil, embora não seja simples. Mas, pode começar com um bom planejamento e uma boa equipe de trabalho.

 

A segunda condição de sucesso foi a preparação da cidade de Paris. Foi impressionante o número de voluntários e a comunicação visual na cidade para orientar quem chegava e tinha que andar por lá, de um lugar para outro. A chamada “comunicação urbana” foi sensacional. Provou que mesmo em megaeventos é possível realizá-la. Preparar a cidade para receber (bem) os turistas é fundamental. É fácil fazer isto? Particularmente acho que sim. Acho que é fácil, embora não seja simples. Mas, pode começar com um bom planejamento e uma boa equipe de trabalho.

 

Podemos fazer isto dar certo? Acho que sim. E talvez, quem sabe, Natal receber mais de um jogo!

 

Obs: e talvez, quem sabe, ninguém resolva mais chamar de “subsede” a cidade onde acontece o jogo afinal, nem a Fifa adota esta absurda denominação!

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Ficro, 36 anos

 

Começou ontem um dos eventos mais antigos do RN, a Ficro, a Feira Regional e Comercial da Região Oeste, em Mossoró. Já comentei aqui algumas vezes sobre esta feira e sua persistência no calendário de eventos do Rio Grande do Norte. Acho até que “mais velho” do que eles deve ter somente a Festa do Boi.

 

A 36ª edição da Ficro começou ontem e segue – em festa – até o sábado; são 3 noites com mais de 140 estandes e muita movimentação com a presença de empresas dos mais diversos segmentos, com estandes mais simples até mesmo super espaços bem decorados, com grande equipe e uma grande ambientação, quase uma completa cenografia. Tudo isto em espaço aberto, na Estação das Artes. Este ano houve uma mudança no lay-out da Feira, acho que para adequação à disponibilidade do material de montagem, da estrutura.

 

A Ficro, há cerca de 10-15 anos era um super evento em Mossoró e no Oeste. Vi antes a Feira ser um pouco mais tímida e depois alcançar um grande sucesso para depois voltar a ter outro perfil. Ultimamente, no entanto, recuperou a vitalidade que sempre elogiei e sempre gostei de ver, bons expositores, boas empresas e um bom público. É extremamente importante que eventos como este continuem a acontecer no RN, principalmente fora do eixo da chamada Grande Natal ou da Região Metropolitana de Natal. Em Mossoró, por exemplo, a quantidade de empresas de médio e grande portes é muito alta, sinônimo da forte economia regional.

 

É aqui também, para fazer um breve parêntesis, que acontece uma das feiras “mais caras” do RN, a Expofruit: “mais cara” no sentido de termos expositores de grande porte, inclusive internacionais. É outro ponto positivo que fortalece a ideia de participar de eventos comerciais.

 

Em tempos de internet e vendas on line ainda resta um grande espaço para muitas empresas e atividades, principalmente aquelas em que a experiência com o cliente é muito mais segura e validada quanto acontece no mundo real, quando o consumidor vê o produto, pode até experimentá-lo e tem alguém disponível para esclarecer dúvidas. Não se trata, obviamente, de dizer que somente as vendas presenciais é que importam! Aliás, longe disto! O mundo é eletrônico, é virtual, o comércio eletrônico dispara em todo o mundo mas as lojas ainda existem, mesmo tendo que dividir espaços no mercado com os vendedores on line. Coisas de mercado, realidades do mundo moderno em que os empresários devem adaptar-se; ou desistir.

 

É por isto que todo os anos não deixo de valorizar e reconhecer a Ficro, em Mossoró. Nem lembro quando foi a primeira vez que participei/visitei a feira, mas deve ter mais de 15 anos. Não mudei de opinião no reconhecimento do esforço da Acim, a Associação Comercial e Industrial de Mossoró, a grande organizadora do evento (um evento se faz com liderança, claro, mas com muitas parcerias também). Para mim a 36ª Ficro, neste 2024, é sempre motivo de celebrar o sucesso. E parabenizar pelo desafio constante e luta incansável.

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Entrevista de emprego

 

A eleição de 6 de outubro bem que poderia ser algo como uma entrevista de emprego.  Na verdade, até, muita coisa é bem parecida, mas há alguns detalhes que poderiam ser incorporados ao processo de campanha eleitoral. Como bom candidato ao emprego a pessoa efetivamente interessada toma o cuidado de conhecer sobre a função para a qual está se candidatando e também procura conhecer algo mais sobre a empresa. Este é o critério, básico, inicial. Em regra, se a gente considerar a campanha para prefeito, muitos conseguem um bom resultado preliminar: a maioria sabe o que o prefeito faz e deve fazer e a maioria sabe o que a prefeitura pode fazer; mas, infelizmente, tem alguns aventureiros que acham que ser prefeito é resolver todos os problemas do mundo, inclusive aqueles que não existem e, mais grave, acham que a prefeitura pode (e deve) fazer tudo. Claro que não é assim, há limites.  Se fosse uma real entrevista de emprego a campanha eleitoral, muita gente já seria eliminada nesta primeira etapa; e seria uma boa eliminação, para o bem de todos.

 

Em uma entrevista de emprego não é comum encontrarmos um candidato querendo valorizar-se em cima do outro, em outras palavras, começa a se comparar aos demais chamando-os de ruim (ou de péssimo) e apontando os defeitos para manchar a imagem do concorrente, deixando de mostrar aquilo que pretende ser capaz de fazer. Se fosse uma entrevista de emprego, um candidato que passasse mais tempo falando mal dos outros já seria logo eliminado, pois a entrevista é para saber o que você pretende fazer e não para saber o que outros fizeram errado; seria, novamente, uma boa eliminação, para o bem de todos.

 

Em uma entrevista de emprego responder perguntas faz parte do processo. Quem se candidata não pode ficar preocupado com as perguntas que possa receber; no processo eleitoral as perguntas podem ser de eleitores, dos concorrentes e da imprensa, algo natural em um processo democrático. Em uma entrevista de emprego as perguntas podem ser as mais diversas e serão sempre mais específicas e detalhistas quanto maior o nível do emprego pretendido afinal, ninguém imagina que o diretor de uma grande empresa passaria por uma entrevista de emprego falando apenas generalidades e sorrindo para todos. O cargo de prefeito é o mais elevado nesta estrutura de entrevista de emprego do processo eleitoral e as perguntas devem, e devem ser mesmo, as mais “difíceis”, mas não no sentido de ser uma pegadinha ou ter uma reposta impossível, mas no sentido de saber o que o candidato pretende fazer para os problemas comuns assim como para os problemas mais complexos. Quem não souber as respostas e não souber nada sobre aquele tema que fará parte da atividade deveria ser eliminado; seria, novamente, uma boa eliminação, para o bem de todos.

 

A eleição do último domingo deste fatídico mês de outubro, para o cargo de prefeito, parece uma entrevista de emprego e acho que deveria se aproximar cada vez mais.

 

Um critério que ainda falta ser incorporado a este processo é a possibilidade de demissão. Temos o impeachment, mas é uma demissão de ordem política. Mas bem que poderíamos ter um processo de demissão por descumprimento de metas ou de promessas: passou pela entrevista, teve sucesso, venceu a concorrência mas passou longe das promessas ou das metas, poderia ser dispensado; ou aposentado. Daria certo?

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Pesquisa eleitoral da OAB-RN

 

Este ano termos muitas eleições, aqui no RN. As conhecidíssimas eleições para prefeitos e vereadores mas também outras que poderão ou deverão movimentar muito o cenário local. Uma delas, apesar de tentar acompanhar, terá pouco impacto – acho – e pouca repercussão, visto que a eleição para o Conselho Regional de Administração não é um dos principais atrativos eleitorais, apesar da importância que deveria merecer, além do reconhecimento.

 

Já a eleição para a OAB, como em todas as mais recentes edições, movimenta muita gente e muitos interesses. Claro, não estou me referindo a interesses escusos, aqueles que não deveriam orbitar a ideia de ter o poder, mas o interesse na classe e na representação de uma categoria que consegue bons espaços na sociedade e na administração, com o poder público (incluindo o Legislativo e o Executivo).

 

São 4 candidatos este ano à frente das chapas. Já começou a campanha, tenho a sensação, embora não tenha recebido ainda nenhum material publicitário. Mas, sexta-feira passada me ligaram perguntando sobre o processo eleitoral. Confesso que não sei quem ligou, se foi algum instituto de pesquisa ou algum escritório de apoio a este ou aquele candidato. Não vejo problema em responder este tipo de questionário, diferentemente do processo eleitoral do Executivo e Judiciário para o qual defendo a máxima “o voto é secreto”.

 

Achei interessante a forma de pergunta. Informaram 4 pessoas candidatas e perguntaram em que eu votaria. Nenhum, respondi. Na esperança de ter uma segunda pergunta para tentar entender o interesse da pesquisa eleitoral. E veio a pergunta com um forma que não imaginava; a pergunta era mais ou menos assim: “considerando que o candidato x é apoiado por y, que o candidato w é apoiado por z etc” em que você votaria?

 

Em outras palavras, a pesquisa era para saber qual é o peso do cabo eleitoral! É claro que muita gente vota em função do “cabo eleitoral”, seja da direita ou da esquerda, seja aqui no RN, no Brasil ou no mundo. Mas, não imaginava que uma eleição para escolha para representação de categoria também pudesse ter este peso tão fortemente avaliado. Em um primeiro momento até se media o voto “espontâneo” e depois o voto “vinculado”, numa repetição mal elaborado das pesquisas eleitorais em que primeiro se pergunta em quem o eleitor votaria e depois apresentaria os nomes.

 

Para a eleição da OAB-RN a pesquisa já indicava os nomes, não havia possibilidade de resposta espontânea. E na pesquisa que seria estimulada, o estímulo era a madrinha ou o padrinho. Tempos modernos. O peso do “apadrinhamento” ou simplesmente do apoio formal é tão considerado quanto a validação do nome dos candidatos. Tempos modernos.

 

Em quem eu votarei? Bom, na pesquisa mencionei um nome, com base no apoio. Mas, pode até ser que eu mude meu voto, não sei ainda. A pesquisa é bem cedo, acho, e preciso conhecer quais são as propostas do candidato. O apadrinhamento é fundamental pois fala um pouco sobre o perfil do candidato, mas a considerar que o poder de representação será da pessoa eleita, e não da madrinha ou do padrinho, preciso conhecer um pouco mais das propostas. O voto é meu, é secreto e é um direito inalienável.

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Dia do Administrador. Que bom!

 Hoje é um dia muito importante no Brasil e que deveria ser mais e mais valorizado. Em 1965, no dia 9 de setembro foi promulgada a Lei 4.769 que tinha a seguinte ementa: “Dispõe sôbre o exercício da profissão de Técnico de Administração, e dá outras providências”. Não era ainda a profissão de Administrador tal como a conhecemos hoje mas era o início do reconhecimento jurídico de uma categoria de profissionais que alcançaria uma grande expansão no ensino superior e que está presente em todas (acho que sim!) universidades nacionais, assim como na maioria  dos centros universitários, destacando que algumas faculdades começam ou começaram sua história com o curso de Administração.

 

Outrora – para utilizar um termo da época – o curso de Administração tinha uma divisão clássica entre Administração de empresas e Administração pública. Mais recentemente criaram vários cursos de Administração e acrescentaram algumas variações, tais “habilitação em marketing”, “habilitação em logística” etc. Felizmente não há mais estas divisões! Hoje os curso de graduação foram Administradores e quem pretende derivar para uma área específica pode buscar uma especialização ou, para utilizar uma sigla que já mercantilizada, fazer um MBA.

 

Passados todos estes anos o curso de Administração já não tem o mesmo interesse nem concorrência de antigamente. Natural que tenha havido uma diversidade de oferta de estudos e de profissões, além dos ciclos que colocaram Engenharia, Direito ou Medicina no centro das atenções dos cursos mais concorridos para entrar no ensino superior. Mas, Administração ainda atrai bom número de estudantes, mesmo se o profissional não tem o mesmo reconhecimento público de um advogado ou médico. Uma pena! Não há nada contra, claro, qualquer destas ou de outras profissões, mas apenas um lamento (até mesmo pessoal) da perda da relevância/reconhecimento social.

 

E isto pode ser resultado de um curso superior que alcança diferentes áreas específicas (marketing, pessoas, estoque, logística, finanças etc) e que também tem sua concorrência indireta de outras áreas, da Engenharia da produção à Economia, sem esquecer que em algumas atividades privilegia-se a área de atuação em detrimento do Administrador, como em hospitais, construtoras, indústrias etc. Pode ser também resultado de uma menor oferta de vagas em concursos públicos e ainda, quando existentes, não oferecem os melhores salários; a carreira, então, para quem pretende seguir o serviço público é menos atrativa. Enfim, é uma soma de fatores externos mas também, possivelmente, alguns fatores internos, isto é, a própria categoria – e seu Conselho de classe – que divulga menos a profissão e suas perspectivas de sucesso.

 

O Conselho Regional de Administração, por exemplo, tem sempre menor divulgação de seu processo eleitoral. Aliás, este ano teremos eleições e novamente com repetição de candidatura à reeleição e pouco conhecimento do público, talvez até mesmo dos próprios Administradores. Mais uma vez, uma pena!

 

Particularmente, na condição de Administrador gosto de celebrar a data. Ainda que de forma individual. Talvez se tivéssemos mais Administradores em postos chaves teríamos melhores resultados, empresariais e no setor público. Pode ser um pensamento um pouco (demais) otimista, mas diria que é mais um pensamento que reflete o orgulho da profissão. Parabéns aos Administradores!

domingo, 8 de setembro de 2024

Muitos não poderão ler isto

 Hoje, 8 de setembro, é celebrado o Dia mundial da alfabetização, uma data que tem importante significado em vários países assim como também no Brasil e aqui no nosso Rio Grande do Norte. Infelizmente, no entanto, seria ideal se esta data passasse totalmente desapercebida como deve acontecer no Canadá, França, Holanda, Japão etc, pelo simples fato de que praticamente toda a população destes países deve estar alfabetizada, e não apenas naquele mínimo necessário, o tal do “analfabeto funcional” que sabe apenas ler e assinar seu próprio nome. Nestes países a educação funciona desde a primeira idade e as oportunidades nas escolas (e depois no ensino superior) são reais, factíveis e absolutamente acessíveis a todos. Aliás, não se imagina em alguns países que uma criança esteja fora da escola e que não tenha acesso à alfabetização.

 

Aqui no Brasil (e em uma centena de países, muito provavelmente) a realidade é diferente. Não chega a ser crônica como, por exemplo, no Afeganistão em que as crises sociais, econômicas e políticas afastam e impede o acesso à escola. Mas, temos nossos problemas, e como temos.

 

Os mais antigos poderão lembrar do tal do Mobral, uma tentativa do Governo Federal, ainda no século passado, de permitir o acesso à educação e à alfabetização para milhões de brasileiros que não tiveram a oportunidade de ler-e-escrever e de estudar pelo simples fato de que, ainda que desejassem e ainda que economicamente isto fosse possível, não havia escolas por perto, não havia sequer a possibilidade de escolha. Faz tempo, o Mobral, e ficou muito tempo na memória do brasileiro que até utilizava a sigla do programa educacional de forma pejorativa, quando queria brincar (ou ofender) alguém que não estava entendo algum assunto: “parecer até que é Mobral!”

 

Saímos disto, melhoramos muito, sensivelmente. Uma grande evolução foi a criação do Brasil Escola (acho nome era este) e que hoje é o Bolsa Família. A proibição de crianças no trabalho, em detrimento de ir a escola, foi fortalecida não somente com as tentativas de punição mas com um remédio bem mais eficiente: o chamado trabalho infantil, para famílias carentes, era uma forma de subsistência familiar, quase (infelizmente) uma necessidade, pois contribuía com a renda; com o auxílio financeiro do poder público a família podia “trocar” o trabalho dos filhos pelo acesso à escola e ainda com a vantagem de ter a merenda escolar. Felizmente esta dura realidade das crianças trabalhando, ainda que por extrema necessidade familiar, acabou. Vale um parêntesis aqui: este trabalho infantil familiar, como subsistência, não é uma característica tipicamente brasileira, o mundo mais rico de hoje em dia passou muito por isto na agricultura, não era incomum acontecer em países como Alemanha ou França; a diferença é que este ciclo nefasto foi interrompido bem mais cedo por lá, bem antes do Brasil.

 

Embora o Mobral esteja longe no tempo, semana passada aqui em Natal, em pleno 2024, tivemos um reflexo do drama social brasileiro: uma candidata a vereadora teve que provar que era alfabetizada, que sabia sim ler e escrever para poder ser candidata. Precisamos entender melhor este drama. O programa Mobral acabou em 1985, ou seja, faz mais de 40 anos que tivemos um programa de alfabetização de adultos e ainda hoje temos pessoas no Brasil e aqui, do nosso lado, no Rio Grande do Norte que não sabe nem ler, nem escrever. Enquanto boa parte da população não desgruda do celular, lendo um pouco sobre muita coisa, ainda temos analfabetos para os quais o celular é algo meramente limitado ao som e imagens.

 

É uma triste realidade. Até quando? Até quando como está no título, “Muitos não poderão ler isto”? Quando será que o Dia mundial da alfabetização será apenas uma data no calendário, uma memória do passado longe, e não a memória de uma realidade que machuca?

sábado, 7 de setembro de 2024

Ruim para todos

 

O acidente que aconteceu durante um passeio nos parrachos do Litoral Norte do RN foi ruim para todos mas, antes de mais nada, foi trágico para os familiares das duas vítimas. Não há, claro, comparação entre o aspecto negativo da perda humana com o impacto negativo para o RN com este acidente; aqui, portanto, desde logo a ressalva, não se trata de uma comparação com a vida humana, mas uma simples avaliação de outras  consequências.

 

Uma das economias importantes é o turismo que continua a atrair milhares de pessoas todos os anos. Temos alguns (poucos) atrativos diversificados para oferecer para quem vem visitar nossa terrinha e dentre eles alguns passeios em que se destacam o de carro (leia-se buggy) e de barco (leia-se parrachos). O impacto negativo deste acidente pode também provocar um resultado negativo para o turista que ficaria, em princípio, receoso de fazer o passeio e, isto acontecendo, significa que o turista teria menos opções de lazer. E como resultado final, poderia desestimulá-lo a voltar ou a fazer propaganda negativa ou pior ainda, as duas coisas.

 

Quem viaja a passeio não quer ter nenhum problema, ainda que os pequenos percalços possam ser vistos como histórias para contar, mas nunca deve ser um drama a relatar ou uma tragédia a vivenciar. Alguma destas responsabilidades em fazer evitar problemas está nas mãos dos órgãos fiscalizadores enquanto outras na iniciativa privada. O serviço mal realizado no hotel, a deselegância de algum atendimento ou a qualidade da refeição abaixo do esperado devem ser sempre reputados à iniciativa privada e quando isto acontece as redes sociais são o melhor caminho para reclamar e tentar buscar melhoria o reparação do dando, quando possível.

 

Mas a parte da fiscalização é competência do setor público, principalmente. Digo principalmente por entender que a categoria de prestadores de serviços, que sabe unir-se para reivindicar, deve também ter sua autoregulação e não necessariamente no sentido restritivo, mas no sentido de verificar se os serviços estão sendo prestados como deveriam ser. E, mais ainda, quando há uma necessidade de regulamentação e controle públicos, como é o caso dos passeios em barco e de buggys, o setor deve ser mais autofiscalizador: é que a imagem de um serviço mal prestado pode arranhar a imagem de todos e como o setor unido (cooperativa, associação etc) tem o dever de defesa da categoria, classe ou atividade também poderia avançar no controle da regularidade da atividade; e de sua segurança.

 

Infelizmente, o acidente foi ruim para muitos e trágico para os familiares. Algo pode ser recuperado, como a qualidade e o controle do serviço prestado mesmo, é óbvio, sabendo que não se recupera a vida humana. Quando estes acidentes acontecem deve-se no mínimo pensar em como proteger os demais, como evitar que novos dramas e novas tragédias aconteçam. Toda fiscalização é bem-vinda quando é regular, rotineira e busca o resultado da melhoria. Estas férias encurtadas e enlutadas nem deveriam ter acontecido; e não mais deveria acontecer, para o bem de todos.

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

E tome Carnatal

 

E vem aí mais um Carnatal. Ontem foram anunciadas formalmente as datas e parte das atrações. Vi a notícia muito rapidamente, o suficiente para identificar que o tal do “mais do mesmo” acontecerá também em 2024, depois de mais de 30 anos de movimentação, com algumas das atrações já tradicionais e conhecidas do público potiguar. Claro que aquilo que faz sucesso deve ser repetido e os shows de cantores que continuam com adesão popular sempre se repetem e sempre juntam muita gente; algumas vezes para ouvir os mesmos clássicos, as mesmas músicas tradicionais e outras vezes em busca das músicas novas.

 

Já fui a Carnatal há bastante tempo, mesmo não sendo folião. Fui pelo entusiasmo que a festa oferecia e também para conhecer o evento, aprender com sua logística e saber um pouco mais sobre aquela movimentação. Fui na segunda edição do Carnatal (no primeiro ano da festa eu não morava em Natal) quando era ainda no entorno da praça Pedro Velho e o público chegava bem junto dos trios, todo mundo perto um do outro. Era no tempo das antigas, das antigas mesmo, em que se falava em mortalha e se usava o tal do mamãe-sacode.

 

Agora, tempos modernos, o evento continua a ter sua importância, claro, mas não produz o mesmo efeito na cidade. O mundo mudou e a cidade também, há muito mais oferta de eventos ao longo do ano e nem todo mundo fica esperando mais uma data especial para fazer um festão, estamos muito longe dos vendedores de abadá que ficavam ali perto da sede do América oferecendo o item com preços superfaturados. Neste aspecto, esta mudança foi extremamente positiva pois o natalense/potiguar consegue ter outras opções de lazer e entendeu que uma festa é uma festa; e que não estamos falando do Rock in Rio, nossas “pedras” são menores, bem menores, neste jogo de entretimento musical.

 

Acho que uma das reinvenções do Carnatal foi a mudança de local e o grande percurso em torno de um estádio de futebol de Natal, quando viam-se os blocos nas ruas, cercadas de vendedores ambulantes com cervejas, churrasquinhos etc. Depois, foi diminuindo o percurso e aí foi uma reinvenção necessária, obrigatória. Novamente, em função da adequação necessária – acho que foi a perda do público – ficou em um espaço totalmente fechado, no estacionamento ao lado do estádio de futebol (nem todo estacionamento e todo o espaço é do Arena, vale lembrar, há ruas – portanto, públicas –, por exemplo, que ficam fechadas à circulação das pessoas).

 

Com a última mudança tenho a sensação que o Carnatal perdeu o envolvimento da cidade, está em um local onde quem passar por perto verá a estrutura montada, mas reúne praticamente apenas quem tem o ingresso para entrar no espaço fechado. O Rock in Rio, aliás, nasceu assim, em espaço fechado mas, vale lembrar, com uma proposta bem diferente! Aqui o “carnaval fora de época” associou o nome da cidade em uma estratégia publicitária mas que também envolvia, de fato, a cidade, o nome “Natal” não estava ali à toa.

 

Hoje o Arena mudou de nome e entrou na era das chamadas “bets”. O Carnatal já não é tão de Natal quanto antigamente. Espera-se (ou eu espero) que não mude de nome para incorporar algum patrocínio “bet”; seria certamente mais uma reinvenção mas, não das melhores, longe disto.

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Call center: 232 empregos em Mossoró

 

A empresa AeC Contact Center já deve ser uma das maiores empregadoras do RN. Atuando como “call center” ou, diria, uma “central telefônica” para fazer chamadas de empresas ou receber ligações de clientes, coisas dos tempos modernos e que se ampliou muito depois que inventaram o tal do marketing por telefone, não paramos mais de receber ligações oferecendo vários tipos de produtos.

 

Na semana passada a empresa que tem uma grande unidade em Mossoró anunciou que está contratando mais gente: são 232 novas vagas para inicialmente trabalhar na sede e, eventualmente, passado o período de experiência, seria trabalho remoto. Aliás, diga-se de passagem, na maior parte das últimas ligações que tenho recebido destas empresas não escuto mais aquele barulho de antigamente, muita gente falando ao lado; a sensação que tenho é que todo mundo está em casa, no trabalho remoto, uma dinâmica muito positiva para os dois lados, a empresa que não precisa ter mais grandes espaços para acomodar todo mundo, e a pessoa que pode trabalhar em casa, economizando transporte e tendo mais tempo para aproveitar em casa.

 

Antigamente a porta de entrada no mundo do trabalho, o tal do primeiro emprego, era associado ao Mc Donalds que sempre contratou muita gente, especialmente quem nunca tinha trabalhado. E isto era aqui no Brasil como também nos Estados Unidos. Esta situação de primeiro emprego é quase uma situação de emprego temporário, visto que há uma grande rotatividade por lá (é muito comum encontrar pessoas diferentes nas lanchonetes deles, do atendente à limpeza, passando também pelos gerentes).

 

Neste mundo onde a riqueza tem migrado para os serviços, e com apoio da tecnologia, parece que os tais call centers tendem a ser a porta de entrada para o primeiro emprego. No caso, por exemplo, da empresa AeC os pré-requisitos para a contratação são básicos: maior de 18 anos, ensino médio completo e noções de informática e nenhuma obrigação de já ter trabalhado em algum lugar ou ter passado por algum estágio enquanto estudava; basta estar disposto, demonstrar alguma competência e habilidade com o público e a informática e o emprego estará quase garantido.

 

A rotatividade por lá também é alta, e isto vale para todo o setor. Anteriormente mais conhecido como call center, migrou para a terminologia mais moderna de contact center mas a sistemática do trabalho permanece essencialmente a mesma. Pelo menos, por enquanto e enquanto a tal da IA-Inteligência Artificial continuar sendo desinteligente nos chats e conversas que temos via aplicativos; por enquanto, felizmente, a IA não domina o assunto e não consegue ser inteligente o suficiente para saber o que o cliente está querendo, especialmente quando se trata de alguma reclamação.

 

Em Mossoró serão 232 novos empregos. Muito bom para a cidade e, claro, para os novatos. A AeC, diga-se de passagem, é uma das maiores empregadoras do RN e continuo a torcer para que não seja a maior, mas fique sempre entre as grandes: nada, claro, contra a empresa, mas sim a expectativa e a torcida de que outras empresas possam gerar outros empregos, com melhor remuneração e com menor rotatividade. De qualquer forma, não posso deixar de reconhecer o mérito empresarial da AeC e torcer para que continue a contratar mais gente no RN.

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Onde está nossa taxação?

 Terminou o primeiro mês, agosto, da chamada “taxação das blusinhas”, aquele imposto que passou a ser cobrado das importações até US 50 e que gerou uma enorme polêmica sobre a necessidade de cobrança ou não de imposto e se seria, efetivamente, a salvação para proteger o mercado interno – e parte da indústria brasileira – da concorrência internacional com estas microcompras. O debate foi longo e a solução encontrada foi realmente fazer com que o cidadão brasileiro pagasse imposto para suas compras.

 

De início pode até parecer que o impacto poderia ser pequeno, mas quando vemos o volume de mercadorias que são importadas diariamente no Brasil, de pequenos a grandes valores, não é assim tão desprezível. Mas, por outro lado, é bem verdade que a proteção nacional não está no imposto mas sim na possibilidade de ter uma competividade melhor, em outras palavras, se sermos capazes de oferecer um produto mais barato do que aquele que vem do exterior. O mundo econômico é global, é globalizado, e este desafio não somente nosso, aqui no Brasil, outros pa´sies também enfrentam esta dura realidade.

 

Para o nosso Brasil, de acordo com Dario Durigan, ele que é Secretário-executivo do Ministério da Fazenda, até o final e 2024 a arrecadação deverá aumentar em R$ 700 milhões, para os 5 meses em que foi criado o tributo. Isto significa, numa projeção absolutamente simplista, que no próximo ano os cofres públicos serão engordados em pouco mais de R$ 1,5 bilhão. É pouco, se comparado ao montante da arrecadação nacional e menos impactante ainda se considerarmos a arrecadação da União e dos Estados. Nem assusta muito, na verdade.

 

A título de comparação o RN arrecada em ICMS quase R$ 8 bilhões por ano, ou seja, mais de 5 vezes o que o Brasil inteiro arrecadará com a “taxa das blusinhas”, isto se a previsão do Durigan estiver confirmada. Fica, então, a pergunta: seria necessária esta nova taxação diante da repercussão tributária tão pouco impactante?

 

A resposta ideal parece ser mesmo um “sim”, e por alguns motivos. Primeiramente pelo fato de “não fazer mal” pagar imposto sobre as compras, afinal pagamos quando compramos algo na loja do lado. Depois, pelo fato de mesmo não sendo um grande valor para os cofres públicos, é uma contribuição e nunca faz mal aumentar a arrecadação pública se ela vem como resultado natural da circulação de mercadorias, da compra-e-venda de produtos. E ainda pelo fato de que a nova taxação pode transformar o produto importado menos competitivo e quem sabe pode estimular a compra do produto nacional. O lado negativo, claro, é para aquele cidadão que iria fazer a compra de qualquer jeito e agora estará pagando mais caro; para quem iria fazer uma compra supérflua, quem sabe até desiste da despesa não programada ou não essencial.

 

E com tudo isto fico – mesmo – é numa grande curiosidade: quanto é que o RN arrecadou em agosto com a “taxação das blusinhas” e quanto ainda estará disponível até o final do ano para pagar as contas do Poder Público? Não será muito, considerando que o total nacional também é fraco mas, certamente, ajudará a pagar alguns fornecedores e contribuirá para a gestão da folha de pagamentos. Considerando isto, a “taxa das blusinhas” alegrará o saldo bancário de muita gente; aqui no RN.

terça-feira, 3 de setembro de 2024

A boa notícia de Appy

 

Ontem foi dia de apresentação de informações sobre a tal da reforma tributária, na sede da Fiern. Foi um tempo curto, com menos de 2h de duração no total, um relato dos participantes, visto que não houve tempo (ou não estava programado) para debates. O palestrante principal, acho que o maior atrativo dos nomes anunciados, era o Bernard Appy, o secretário especial da reforma tributária no Ministério da Fazendo. Considerando que ele está acompanhando e participando bem de perto das discussões e propostas, é uma das pessoas mais bem informadas sobre o assunto e não somente sobre as discussões e negociações, mas também sobre a evolução das propostas e as simulações que foram projetadas.

 

Diga-se de passagem, a mudança é brusca! A reforma tributária modifica praticamente todo o paradigma do que temos hoje na realidade nacional em termos de contabilidade tributária, de direito tributário e de ordenamento orçamentário. Aparentemente, nada será igual. Ou quase nada, como foi comentado por um dos participantes: é que para um dos palestrantes não haveria lógica em criticar a reforma tributária por tornar-se a maior carga tributário em todo o mundo pelo simples argumento... de que o Brasil já tem a maior carga tributária do mundo! Ora, se é para mudar, não é para ficar igual e, consequentemente, se é para melhorar o ponto básico primordial para o contribuinte (pessoa ou empresa) é a redução de quanto paga de tributos, de forma direta ou embutido em diferentes tipos de contribuições e movimentações contábeis. A redução bem que poderia ser o ponto alto da reforma tributária.

 

Mas, apesar de não ter havido promessa de redução do que já pagamos, acho que o Bernard Appy deu uma boa notícia, mesmo não sendo aquela esperada pelo público. Vou dividir a boa notícias em duas consequências para melhor validá-la. Primeiramente, temos que entender – como ele explicou – que haverá uma maior (enorme) facilidade de controle na emissão de notas fiscais, todas eletrônicas, e como muda a forma de tributação, será possível cruzar todas as notas e identificar as inconsistências e até mesmo – de novo, como ele explicou – no final do mês a empresa terá o ser DARF quase igual ao nosso imposto de renda, ele estará pré-preenchido, pois a Receita Federal terá todos os dados de todo mundo.

 

E as duas consequências: maior dificuldade de sonegação, pois com a interligação das notas fiscais ficará (ou ficaria) mais difícil inventar notas fiscais de mercadorias que não circularam (seja para lavar dinheiro seja para criar crédito tributário inexistente), de um lado, e a simplificação com o, digamos, DARF pré-preenchido que facilitará a via do empresário na hora de pagar o imposto todo mês e com isto, salvo alguma divergência ou dúvida, tornará o trabalho dos contadores menos impactante afinal, se o empresário terá tudo preenchido nem precisaria muito do contador. Já pensou estas duas mudanças, será tudo isto mesmo? A primeira consequência, da sonegação, foi afirmação do Appy, enquanto a segunda consequência foi a minha exclusiva conclusão lógica do discurso dele.

 

Se tudo isto acontecer como prometido, da tributação mais fácil, da redução/eliminação da sonegação e da simplicidade para pagamento dos tributos e ainda todas as demais promessas macroeconômicas, já nem seria uma reforma tributária, mas uma reviravolta tributária. Como diriam alguns franceses falando inglês no modo local, todos serão “happy”.

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

44 novos projetos de hotéis. E a via Costeira?

 

O Brasil ganhará 44 novos hotéis este ano, além dos projetos que estão confirmados, de acordo com uma entidade setorial, o FOHB-Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil. São projetos de médio/grande porte que entram nesta contabilidade hoteleira e que representam investimentos de cadeias nacionais ou internacionais, projetos mais impactantes para o setor. É claro que há muitos outros sendo implantados ou em fase de validação econômica em todo o país, ao considerarmos os investimentos em pousadas em várias cidades. É que estes projetos anunciados são os mais impactantes, inclusive do ponto de vista econômico-financeiro. Com este anúncio, e de acordo com o Fórum, serão 137 novos projetos para que gerarão R$ 8,4 bilhões em investimentos novos.

 

O ano de 2024 promete ser melhor do que o anterior, pelo menos do ponto de vista quantitativo, visto que em 2023 estavam anunciados 108 novos hotéis. Em termos de valores também 2024 está sendo melhor, o volume de negócios estimado é de R$ 8,4 bilhões (até agora) contra “apenas” R$ 5,8 bilhões no ano passado. No entanto, avaliando o valor médio do investimento há pouca diferença: R$ 61,3 milhões por hotel neste ano ,comparado com R$ 58,0 milhões no ano passado.

 

O anúncio do Fórum foi genérico e global, não detalhou onde estarão estes grandes empreendimentos. Fiquei curioso em saber se um deles poderia ser, por acaso, aqui no RN. Não sei. Mas, mesmo assim fiquei na torcida de que algo de importante e imponente pudesse ocorrer nos tradicionais destinos agregados, Pipa (Tibau do Sul), São Miguel do Gostoso e até mesmo aqui em Natal, em Ponta Negra.

 

Mas,  na verdade minha torcida é que se fosse algo aqui em Natal que seja em algum local da via Costeira. Primeiramente, para diminuir o atual deserto de uma área privilegiada para o turismo e já que ninguém pode morar por ali (são proibidas residências), pelo menos que a cidade tivesse uma ocupação do nobre espaço e não ficasse apenas algumas placas de anúncios e algumas cercas de reserva de área (de patrimônio); e depois, para que finalmente tivéssemos um novo projeto de grande porte que mudasse o panorama atual do turismo, algo que seria uma boa notícia, com divulgação regional e nacional e que poderia atrair – novamente – novos investidores aqui no RN.

 

É até arriscado torcer por estes projetos de grande porte quando no mundo as cidades do superturismo não aguentam mais receber tantos turistas e os moradores começam a reclamar mais intensamente do excesso de visitantes, não pelo impacto econômico, mas pela desordem que geram ao desrespeitar as condições (e os moradores) locais. Acho que ainda não estamos neste ponto de saturação.

 

Quem sabe com a dita engorda de Ponta Negra, quando a obra avançar um pouco mais e os resultados estejam mais visíveis, tal como anunciados, tenhamos novos investimentos em Natal mas, destas vez, com investidores privados. Bem que poderíamos tem um mix: uma engorda da praia em Ponta Negra e uma engorda de investimentos (responsáveis, claro) na via Costeira. Seria um bom presente em 2024.


PS: o título foi corrigido depois da publicação, com o nome "Costeira"

domingo, 1 de setembro de 2024

Nova praia para Natal

 

Anunciaram para ontem (ou teria sido hoje) o início das obras com a draga para a expansão da faixa de areia da praia de Ponta Negra. Se bem entendi, a nova faixa de areia será bastante ampla e modificará sensivelmente não somente a paisagem na superfície (aquela da areia e das ondas, que vemos) como também a paisagem submarina (da profundidade e das correntes). A solução, divulgada como única, traz portanto este duplo desafio.

 

Uma grave desafio será o efeito submerso ou submarino, aquele que não veremos mas sentiremos seus efeitos de forma muito impactante afinal, o aumento da faixa de areia significa que a água terá que “mudar-se” para outro local (que não será simplesmente cavar para tirar a areia do “buraco” no mar e levar a areia para a praia). Certamente todos os estudos e simulações devem ter sido realizados, considerando mais ainda que não se trata de uma obra super revolucionária no sentido de que seja a única, no sentido de que nunca foi feita. É claro que movimentação de areia e mudanças nas praias são muito mais antigas do que, aqui, são divulgadas: basta lembrar que um país popularmente conhecido como Holanda tem como nome oficial Reino dos Países Baixos e, não é à toa, é simplesmente pelo fato de que boa parte de sua superfície está abaixo do nível do mar. E por lá a solução de mudar a configuração da costa é bem antiga, tem funcionado bem mas nunca deixou de ser continuamente monitorada.

 

O desafio visível, da faixa de areia, já comentei aqui outras vezes. A aparência do impacto da nova faixa, da nova largura da praia, é bem menor do que a essência do efeito na urbanização da praia, do bairro e das ruas de acesso. Este acompanhamento também é difícil e exigirá monitoramento constante da sociedade e da Prefeitura para que o ordenamento urbano seja cumprido; em outras palavras, para que todo mundo siga o que diz a legislação, e nada mais complicado do que isto.

 

Não sou contra, claro, a solução para a questão da praia de Ponta Negra assim como não sou especialista para identificar se a tal da engorda é a melhor hipótese que foi trabalhada. Espero que sim. Minha inquietação é saber se tudo foi planejado com os impactos previstos e pouco prováveis, os que pode ser caracterizado de cenário e, mais ainda, se com todas estas projeções foram elaboradas “saídas”, ou seja, soluções prontas e imediatas de correção eventualmente necessária. Mas não somente aquelas de efeito imediato, coloca-se areia e o problema surge ali, vamos lá resolver; mas o monitoramento cíclico, diria até rotineiro nestes primeiros anos, com observações e medições para reduzir impactos negativou os nocivos. Haverá impactos negativos, como acontece em praticamente toda intervenção humana no ambiente, a questão sempre é avaliar como controlá-los para que o resultado final seja melhor com o problema pré-existente.

 

De qualquer forma, estou curioso em saber como será a nova Ponta Negra, se ainda terá este nome ou se alguém criativo decidir batizar o novo espaço com outro nome e a nova denominação “colar”. Faz uns 5 anos, pelo menos, que não ando pelas areias da praia nem mergulho por lá. Acho que vou começar a me programar para voltar por lá, depois da engorda, ver e conhecer a “gorda” Ponta Negra.