domingo, 1 de setembro de 2024

Nova praia para Natal

 

Anunciaram para ontem (ou teria sido hoje) o início das obras com a draga para a expansão da faixa de areia da praia de Ponta Negra. Se bem entendi, a nova faixa de areia será bastante ampla e modificará sensivelmente não somente a paisagem na superfície (aquela da areia e das ondas, que vemos) como também a paisagem submarina (da profundidade e das correntes). A solução, divulgada como única, traz portanto este duplo desafio.

 

Uma grave desafio será o efeito submerso ou submarino, aquele que não veremos mas sentiremos seus efeitos de forma muito impactante afinal, o aumento da faixa de areia significa que a água terá que “mudar-se” para outro local (que não será simplesmente cavar para tirar a areia do “buraco” no mar e levar a areia para a praia). Certamente todos os estudos e simulações devem ter sido realizados, considerando mais ainda que não se trata de uma obra super revolucionária no sentido de que seja a única, no sentido de que nunca foi feita. É claro que movimentação de areia e mudanças nas praias são muito mais antigas do que, aqui, são divulgadas: basta lembrar que um país popularmente conhecido como Holanda tem como nome oficial Reino dos Países Baixos e, não é à toa, é simplesmente pelo fato de que boa parte de sua superfície está abaixo do nível do mar. E por lá a solução de mudar a configuração da costa é bem antiga, tem funcionado bem mas nunca deixou de ser continuamente monitorada.

 

O desafio visível, da faixa de areia, já comentei aqui outras vezes. A aparência do impacto da nova faixa, da nova largura da praia, é bem menor do que a essência do efeito na urbanização da praia, do bairro e das ruas de acesso. Este acompanhamento também é difícil e exigirá monitoramento constante da sociedade e da Prefeitura para que o ordenamento urbano seja cumprido; em outras palavras, para que todo mundo siga o que diz a legislação, e nada mais complicado do que isto.

 

Não sou contra, claro, a solução para a questão da praia de Ponta Negra assim como não sou especialista para identificar se a tal da engorda é a melhor hipótese que foi trabalhada. Espero que sim. Minha inquietação é saber se tudo foi planejado com os impactos previstos e pouco prováveis, os que pode ser caracterizado de cenário e, mais ainda, se com todas estas projeções foram elaboradas “saídas”, ou seja, soluções prontas e imediatas de correção eventualmente necessária. Mas não somente aquelas de efeito imediato, coloca-se areia e o problema surge ali, vamos lá resolver; mas o monitoramento cíclico, diria até rotineiro nestes primeiros anos, com observações e medições para reduzir impactos negativou os nocivos. Haverá impactos negativos, como acontece em praticamente toda intervenção humana no ambiente, a questão sempre é avaliar como controlá-los para que o resultado final seja melhor com o problema pré-existente.

 

De qualquer forma, estou curioso em saber como será a nova Ponta Negra, se ainda terá este nome ou se alguém criativo decidir batizar o novo espaço com outro nome e a nova denominação “colar”. Faz uns 5 anos, pelo menos, que não ando pelas areias da praia nem mergulho por lá. Acho que vou começar a me programar para voltar por lá, depois da engorda, ver e conhecer a “gorda” Ponta Negra.

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