Anunciaram para ontem (ou teria sido hoje) o início das obras com a
draga para a expansão da faixa de areia da praia de Ponta Negra. Se bem entendi,
a nova faixa de areia será bastante ampla e modificará sensivelmente não
somente a paisagem na superfície (aquela da areia e das ondas, que vemos) como
também a paisagem submarina (da profundidade e das correntes). A solução,
divulgada como única, traz portanto este duplo desafio.
Uma grave desafio será o efeito submerso ou submarino, aquele que não
veremos mas sentiremos seus efeitos de forma muito impactante afinal, o aumento
da faixa de areia significa que a água terá que “mudar-se” para outro local
(que não será simplesmente cavar para tirar a areia do “buraco” no mar e levar
a areia para a praia). Certamente todos os estudos e simulações devem ter sido realizados,
considerando mais ainda que não se trata de uma obra super revolucionária no
sentido de que seja a única, no sentido de que nunca foi feita. É claro que movimentação
de areia e mudanças nas praias são muito mais antigas do que, aqui, são
divulgadas: basta lembrar que um país popularmente conhecido como Holanda tem
como nome oficial Reino dos Países Baixos e, não é à toa, é simplesmente pelo
fato de que boa parte de sua superfície está abaixo do nível do mar. E por lá a
solução de mudar a configuração da costa é bem antiga, tem funcionado bem mas
nunca deixou de ser continuamente monitorada.
O desafio visível, da faixa de areia, já comentei aqui outras vezes. A
aparência do impacto da nova faixa, da nova largura da praia, é bem menor do
que a essência do efeito na urbanização da praia, do bairro e das ruas de acesso.
Este acompanhamento também é difícil e exigirá monitoramento constante da sociedade
e da Prefeitura para que o ordenamento urbano seja cumprido; em outras
palavras, para que todo mundo siga o que diz a legislação, e nada mais complicado
do que isto.
Não sou contra, claro, a solução para a questão da praia de Ponta Negra
assim como não sou especialista para identificar se a tal da engorda é a melhor
hipótese que foi trabalhada. Espero que sim. Minha inquietação é saber se tudo
foi planejado com os impactos previstos e pouco prováveis, os que pode ser
caracterizado de cenário e, mais ainda, se com todas estas projeções foram
elaboradas “saídas”, ou seja, soluções prontas e imediatas de correção
eventualmente necessária. Mas não somente aquelas de efeito imediato, coloca-se
areia e o problema surge ali, vamos lá resolver; mas o monitoramento cíclico,
diria até rotineiro nestes primeiros anos, com observações e medições para
reduzir impactos negativou os nocivos. Haverá impactos negativos, como acontece
em praticamente toda intervenção humana no ambiente, a questão sempre é avaliar
como controlá-los para que o resultado final seja melhor com o problema
pré-existente.
De qualquer forma, estou curioso em saber como será a nova Ponta Negra,
se ainda terá este nome ou se alguém criativo decidir batizar o novo espaço com
outro nome e a nova denominação “colar”. Faz uns 5 anos, pelo menos, que não
ando pelas areias da praia nem mergulho por lá. Acho que vou começar a me
programar para voltar por lá, depois da engorda, ver e conhecer a “gorda” Ponta
Negra.
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