sexta-feira, 6 de setembro de 2024

E tome Carnatal

 

E vem aí mais um Carnatal. Ontem foram anunciadas formalmente as datas e parte das atrações. Vi a notícia muito rapidamente, o suficiente para identificar que o tal do “mais do mesmo” acontecerá também em 2024, depois de mais de 30 anos de movimentação, com algumas das atrações já tradicionais e conhecidas do público potiguar. Claro que aquilo que faz sucesso deve ser repetido e os shows de cantores que continuam com adesão popular sempre se repetem e sempre juntam muita gente; algumas vezes para ouvir os mesmos clássicos, as mesmas músicas tradicionais e outras vezes em busca das músicas novas.

 

Já fui a Carnatal há bastante tempo, mesmo não sendo folião. Fui pelo entusiasmo que a festa oferecia e também para conhecer o evento, aprender com sua logística e saber um pouco mais sobre aquela movimentação. Fui na segunda edição do Carnatal (no primeiro ano da festa eu não morava em Natal) quando era ainda no entorno da praça Pedro Velho e o público chegava bem junto dos trios, todo mundo perto um do outro. Era no tempo das antigas, das antigas mesmo, em que se falava em mortalha e se usava o tal do mamãe-sacode.

 

Agora, tempos modernos, o evento continua a ter sua importância, claro, mas não produz o mesmo efeito na cidade. O mundo mudou e a cidade também, há muito mais oferta de eventos ao longo do ano e nem todo mundo fica esperando mais uma data especial para fazer um festão, estamos muito longe dos vendedores de abadá que ficavam ali perto da sede do América oferecendo o item com preços superfaturados. Neste aspecto, esta mudança foi extremamente positiva pois o natalense/potiguar consegue ter outras opções de lazer e entendeu que uma festa é uma festa; e que não estamos falando do Rock in Rio, nossas “pedras” são menores, bem menores, neste jogo de entretimento musical.

 

Acho que uma das reinvenções do Carnatal foi a mudança de local e o grande percurso em torno de um estádio de futebol de Natal, quando viam-se os blocos nas ruas, cercadas de vendedores ambulantes com cervejas, churrasquinhos etc. Depois, foi diminuindo o percurso e aí foi uma reinvenção necessária, obrigatória. Novamente, em função da adequação necessária – acho que foi a perda do público – ficou em um espaço totalmente fechado, no estacionamento ao lado do estádio de futebol (nem todo estacionamento e todo o espaço é do Arena, vale lembrar, há ruas – portanto, públicas –, por exemplo, que ficam fechadas à circulação das pessoas).

 

Com a última mudança tenho a sensação que o Carnatal perdeu o envolvimento da cidade, está em um local onde quem passar por perto verá a estrutura montada, mas reúne praticamente apenas quem tem o ingresso para entrar no espaço fechado. O Rock in Rio, aliás, nasceu assim, em espaço fechado mas, vale lembrar, com uma proposta bem diferente! Aqui o “carnaval fora de época” associou o nome da cidade em uma estratégia publicitária mas que também envolvia, de fato, a cidade, o nome “Natal” não estava ali à toa.

 

Hoje o Arena mudou de nome e entrou na era das chamadas “bets”. O Carnatal já não é tão de Natal quanto antigamente. Espera-se (ou eu espero) que não mude de nome para incorporar algum patrocínio “bet”; seria certamente mais uma reinvenção mas, não das melhores, longe disto.

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