E vem aí mais um Carnatal. Ontem foram anunciadas formalmente as datas e
parte das atrações. Vi a notícia muito rapidamente, o suficiente para
identificar que o tal do “mais do mesmo” acontecerá também em 2024, depois de
mais de 30 anos de movimentação, com algumas das atrações já tradicionais e
conhecidas do público potiguar. Claro que aquilo que faz sucesso deve ser repetido
e os shows de cantores que continuam com adesão popular sempre se repetem e
sempre juntam muita gente; algumas vezes para ouvir os mesmos clássicos, as
mesmas músicas tradicionais e outras vezes em busca das músicas novas.
Já fui a Carnatal há bastante tempo, mesmo não sendo folião. Fui pelo
entusiasmo que a festa oferecia e também para conhecer o evento, aprender com
sua logística e saber um pouco mais sobre aquela movimentação. Fui na segunda
edição do Carnatal (no primeiro ano da festa eu não morava em Natal) quando era
ainda no entorno da praça Pedro Velho e o público chegava bem junto dos trios,
todo mundo perto um do outro. Era no tempo das antigas, das antigas mesmo, em
que se falava em mortalha e se usava o tal do mamãe-sacode.
Agora, tempos modernos, o evento continua a ter sua importância, claro,
mas não produz o mesmo efeito na cidade. O mundo mudou e a cidade também, há
muito mais oferta de eventos ao longo do ano e nem todo mundo fica esperando
mais uma data especial para fazer um festão, estamos muito longe dos vendedores
de abadá que ficavam ali perto da sede do América oferecendo o item com preços
superfaturados. Neste aspecto, esta mudança foi extremamente positiva pois o
natalense/potiguar consegue ter outras opções de lazer e entendeu que uma festa
é uma festa; e que não estamos falando do Rock in Rio, nossas “pedras” são
menores, bem menores, neste jogo de entretimento musical.
Acho que uma das reinvenções do Carnatal foi a mudança de local e o grande
percurso em torno de um estádio de futebol de Natal, quando viam-se os blocos
nas ruas, cercadas de vendedores ambulantes com cervejas, churrasquinhos etc.
Depois, foi diminuindo o percurso e aí foi uma reinvenção necessária,
obrigatória. Novamente, em função da adequação necessária – acho que foi a
perda do público – ficou em um espaço totalmente fechado, no estacionamento ao
lado do estádio de futebol (nem todo estacionamento e todo o espaço é do Arena,
vale lembrar, há ruas – portanto, públicas –, por exemplo, que ficam fechadas à
circulação das pessoas).
Com a última mudança tenho a sensação que o Carnatal perdeu o envolvimento
da cidade, está em um local onde quem passar por perto verá a estrutura
montada, mas reúne praticamente apenas quem tem o ingresso para entrar no
espaço fechado. O Rock in Rio, aliás, nasceu assim, em espaço fechado mas, vale
lembrar, com uma proposta bem diferente! Aqui o “carnaval fora de época” associou
o nome da cidade em uma estratégia publicitária mas que também envolvia, de
fato, a cidade, o nome “Natal” não estava ali à toa.
Hoje o Arena mudou de nome e entrou na era das chamadas “bets”. O Carnatal
já não é tão de Natal quanto antigamente. Espera-se (ou eu espero) que não mude
de nome para incorporar algum patrocínio “bet”; seria certamente mais uma reinvenção
mas, não das melhores, longe disto.
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