terça-feira, 3 de setembro de 2024

A boa notícia de Appy

 

Ontem foi dia de apresentação de informações sobre a tal da reforma tributária, na sede da Fiern. Foi um tempo curto, com menos de 2h de duração no total, um relato dos participantes, visto que não houve tempo (ou não estava programado) para debates. O palestrante principal, acho que o maior atrativo dos nomes anunciados, era o Bernard Appy, o secretário especial da reforma tributária no Ministério da Fazendo. Considerando que ele está acompanhando e participando bem de perto das discussões e propostas, é uma das pessoas mais bem informadas sobre o assunto e não somente sobre as discussões e negociações, mas também sobre a evolução das propostas e as simulações que foram projetadas.

 

Diga-se de passagem, a mudança é brusca! A reforma tributária modifica praticamente todo o paradigma do que temos hoje na realidade nacional em termos de contabilidade tributária, de direito tributário e de ordenamento orçamentário. Aparentemente, nada será igual. Ou quase nada, como foi comentado por um dos participantes: é que para um dos palestrantes não haveria lógica em criticar a reforma tributária por tornar-se a maior carga tributário em todo o mundo pelo simples argumento... de que o Brasil já tem a maior carga tributária do mundo! Ora, se é para mudar, não é para ficar igual e, consequentemente, se é para melhorar o ponto básico primordial para o contribuinte (pessoa ou empresa) é a redução de quanto paga de tributos, de forma direta ou embutido em diferentes tipos de contribuições e movimentações contábeis. A redução bem que poderia ser o ponto alto da reforma tributária.

 

Mas, apesar de não ter havido promessa de redução do que já pagamos, acho que o Bernard Appy deu uma boa notícia, mesmo não sendo aquela esperada pelo público. Vou dividir a boa notícias em duas consequências para melhor validá-la. Primeiramente, temos que entender – como ele explicou – que haverá uma maior (enorme) facilidade de controle na emissão de notas fiscais, todas eletrônicas, e como muda a forma de tributação, será possível cruzar todas as notas e identificar as inconsistências e até mesmo – de novo, como ele explicou – no final do mês a empresa terá o ser DARF quase igual ao nosso imposto de renda, ele estará pré-preenchido, pois a Receita Federal terá todos os dados de todo mundo.

 

E as duas consequências: maior dificuldade de sonegação, pois com a interligação das notas fiscais ficará (ou ficaria) mais difícil inventar notas fiscais de mercadorias que não circularam (seja para lavar dinheiro seja para criar crédito tributário inexistente), de um lado, e a simplificação com o, digamos, DARF pré-preenchido que facilitará a via do empresário na hora de pagar o imposto todo mês e com isto, salvo alguma divergência ou dúvida, tornará o trabalho dos contadores menos impactante afinal, se o empresário terá tudo preenchido nem precisaria muito do contador. Já pensou estas duas mudanças, será tudo isto mesmo? A primeira consequência, da sonegação, foi afirmação do Appy, enquanto a segunda consequência foi a minha exclusiva conclusão lógica do discurso dele.

 

Se tudo isto acontecer como prometido, da tributação mais fácil, da redução/eliminação da sonegação e da simplicidade para pagamento dos tributos e ainda todas as demais promessas macroeconômicas, já nem seria uma reforma tributária, mas uma reviravolta tributária. Como diriam alguns franceses falando inglês no modo local, todos serão “happy”.

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