O acidente que aconteceu durante um passeio nos parrachos do Litoral Norte
do RN foi ruim para todos mas, antes de mais nada, foi trágico para os
familiares das duas vítimas. Não há, claro, comparação entre o aspecto negativo
da perda humana com o impacto negativo para o RN com este acidente; aqui,
portanto, desde logo a ressalva, não se trata de uma comparação com a vida
humana, mas uma simples avaliação de outras consequências.
Uma das economias importantes é o turismo que continua a atrair milhares
de pessoas todos os anos. Temos alguns (poucos) atrativos diversificados para
oferecer para quem vem visitar nossa terrinha e dentre eles alguns passeios em
que se destacam o de carro (leia-se buggy) e de barco (leia-se parrachos). O impacto
negativo deste acidente pode também provocar um resultado negativo para o turista
que ficaria, em princípio, receoso de fazer o passeio e, isto acontecendo,
significa que o turista teria menos opções de lazer. E como resultado final,
poderia desestimulá-lo a voltar ou a fazer propaganda negativa ou pior ainda,
as duas coisas.
Quem viaja a passeio não quer ter nenhum problema, ainda que os pequenos
percalços possam ser vistos como histórias para contar, mas nunca deve ser um
drama a relatar ou uma tragédia a vivenciar. Alguma destas responsabilidades em
fazer evitar problemas está nas mãos dos órgãos fiscalizadores enquanto outras
na iniciativa privada. O serviço mal realizado no hotel, a deselegância de algum
atendimento ou a qualidade da refeição abaixo do esperado devem ser sempre
reputados à iniciativa privada e quando isto acontece as redes sociais são o
melhor caminho para reclamar e tentar buscar melhoria o reparação do dando,
quando possível.
Mas a parte da fiscalização é competência do setor público,
principalmente. Digo principalmente por entender que a categoria de prestadores
de serviços, que sabe unir-se para reivindicar, deve também ter sua
autoregulação e não necessariamente no sentido restritivo, mas no sentido de
verificar se os serviços estão sendo prestados como deveriam ser. E, mais
ainda, quando há uma necessidade de regulamentação e controle públicos, como é
o caso dos passeios em barco e de buggys, o setor deve ser mais
autofiscalizador: é que a imagem de um serviço mal prestado pode arranhar a
imagem de todos e como o setor unido (cooperativa, associação etc) tem o dever
de defesa da categoria, classe ou atividade também poderia avançar no controle
da regularidade da atividade; e de sua segurança.
Infelizmente, o acidente foi ruim para muitos e trágico para os
familiares. Algo pode ser recuperado, como a qualidade e o controle do serviço
prestado mesmo, é óbvio, sabendo que não se recupera a vida humana. Quando estes
acidentes acontecem deve-se no mínimo pensar em como proteger os demais, como
evitar que novos dramas e novas tragédias aconteçam. Toda fiscalização é
bem-vinda quando é regular, rotineira e busca o resultado da melhoria. Estas férias
encurtadas e enlutadas nem deveriam ter acontecido; e não mais deveria
acontecer, para o bem de todos.
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