terça-feira, 17 de setembro de 2024

Lavanderias são as novas “paletas mexicanas”?

 Se você já ouviu ou até mesmo se você já viu algumas marcas como Laundrexpress, Laundromat, Maria Express ou Smart então você sabe que estamos falando de lavanderias. E se você já utilizou um destes serviços então você tem certeza que entendeu o novo negócio que está surgindo pelo Brasil e que chegou com força aqui no RN: as self lavanderias ou lavanderias automáticas, aqueles espaços pequenos (às vezes em um contêiner reaproveitado) com várias máquinas de lavar e de secar roupas, geralmente bem iluminados, sem nenhum funcionário em que você resolve tudo sozinho; por isto o conceito de self. Você leva suas roupas, coloca na máquina, fica lá sentadinho e espera o ciclo de lavagem acabar.

 

Há vários destes empreendimentos espalhados por Natal, por exemplo, e os nomes que mencionei são apenas exemplos de como são batizados estes negócios, todos seguindo a mesma filosofia de trabalho e de divulgação para os clientes e com faixa de preços muito próxima entre os concorrentes.

 

Se você conhecia/entendia de negócios nos idos dos anos 2010/14 talvez você esteja se lembrando de um mesmo fenômeno empresarial-comercial que tomou conta do Brasil, e não foi diferente aqui no RN. Eram as famosas paletas mexicanas, aqueles picolés mais encorpados, com embalagens mais coloridas e com preços bem acima do mercado de um simples e comum picolé. Uma febre que tomou conta de shoppings e que virou moda pagar mais caro pelo picolé. Funcionou e funcionou bem! Mas, para poucos e não por muito tempo. Encontrei em João Scheller, colunista do Estadão, um comentário de Gilberto Verona, co-fundador e CEo da empresa-faro Los Paleteros: “Ocorreu uma prostituição do mercado. A gente abriu uma unidade conceito em Moema (zona sul de São Paulo) e depois de cerca de três meses abriram outras nove paleterias em volta!

 

E foi por isto que em 2014 a maioria das unidades fechou e hoje resistem poucos no mercado. Desta vez, não mais de força maciça mas quase como um nicho de mercado. A saturação na oferta, entre outras razões, gerou esta consequência.

 

Não tenho condições de prever se estas lavanderias continuarão mas, acredito que no modelo atual com uma crescente oferta precisaremos mudar a consciência coletiva na hora de lavar roupas, de fazer com que a pessoa junte roupas sujas, leve até o carro, vá em algum local, coloque as roupas e fique esperando por um tempinho entre a lavagem e a eventual secagem; e, claro, com um celular (antigamente eu diria uma revista, um jornal ou um livro) na mão para esperar o tempo passar, pois não há nenhuma emoção em ver a roupa girando na máquina...

 

Acho que a ideia resistirá e persistirá. É comum em outras cidades onde a prestação de serviços residenciais torna-se aliada da qualidade de vida e até mesmo da escolha do novo endereço: mudar para onde tem mais facilidades por perto. Mas, acredito que neste modelo de concorrência exclusivamente pelo preço a tendência é que haja um inchaço na oferta até a acomodação real entre oferta e demanda. E dentre estes motivos de acomodação estará a desistência de alguns investidores que verão uma margem de lucro inferior ao esperado e preferirão encerrar sua atividade.

 

Como será daqui a 3-5 anos? Espero que o serviço continue e que os negócios se mantenham. Particularmente, não entrei na onda das paletas mexicanas. Nem das self lavanderias; por enquanto, ainda não.

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