Neste mundo de incertezas temos certeza de que é necessário cuidar do meio ambiente antes que a situação global torne-se de tal forma negativa que comprometa a vida de todo mundo, em qualquer lugar do planeta, e vale lembrar que ainda estamos em uma fase de transição que não deverá ser encerrada tão rapidamente quanto parece. Pelo menos é esta a impressão que fica quando descobre-se que o carvão, uma das maiores fontes de poluição no mundo, vai “bem, obrigado”, pelo menos para os produtores: ontem foi divulgado que a demanda mundial continua a crescer até 2027, de acordo com os especialistas do setor, para depois começar a estabilizar, ou seja temos ainda três anos de carvão sendo queimado e muitos poluentes lançados ao ar.
Tudo isto é, curiosamente, culpa da China. Digo curiosamente pois o país é não somente o maior produtor de carvão do mundo assim como é o maior consumidor e, ao mesmo tempo, é o país que mais investe em energias renováveis, em especial as fotovoltaicas. É mais ou menos como aquele antigo ditado que dizia “um olho no peixe e outro no gato”, a China aposta na energia no futuro mas não abandona a situação atual de total dependência do carvão para produzir energia.
É neste dilema ou nesta tentativa de mudança de trajetória que está o mundo. E não diferente no Brasil, do qual o Rio Grande do Norte tem um papel relevante nesta mudança. É que ao mesmo tempo que a Petrobras continua a querer explorar mais e mais petróleo, a empresa investe em projetos de energia eólica offshore, não larga a demanda atual e a riqueza que produz com o óleo e não deixa de investir no futuro.
Na prática é muito simples mencionar a necessidade de novas energias limpas, como a maioria das pessoas decidiu tratar o assunto mas, também na prática, em uma prática muita mais real e cruel, aquela que mexe no bolso de todo mundo, não dá para abandonar tudo de uma vez e por uma questão principal bastante simples: quem pagaria a conta de uma mudança radical tão drástica? É claro que nãos se trata de defender a situação atual e deixar tudo como está, não mesmo. Temos que mudar, sim, mas temos que fazer a mudança para o futuro sem que o custo no presente se transforme em outro ditado popular, mais danoso, aquele que diz que o “remédio matou o paciente”.
Neste aspecto da mudança o Rio Grande do Norte tem um papel relevante. Infelizmente mais por sua geografia do que por sua capacidade de interferência ou deliberação; não que a ação política estadual ou a regulamentação dos investimentos não possa ter a contribuição local, mas é que as estratégias são nacionais e os projetos de leilão de energia assim como o licenciamento das offhsores é competência exclusiva do Governo Federal. O RN terá sua participação, mas o processo decisório não é em nosso território (basta lembra que que todos os grandes projetos de eólica e de fotovoltaica tem como composição econômica o capital nacional e internacional, muito pouco é investimento 100% potiguar).
Entre o fim do carvão mineral no mundo e a totalidade de
energias verdes no mundo termos algumas décadas. Por outro lado, a transição no
Brasil tende a ser mais curta, temos boa produção de energia limpa, e podemos
mais. Deste mais que podemos o RN tem sua visibilidade e sua importância.
Podemos ter mais, muito provavelmente. E acredito nisto.
Um comentário:
Não conheço muito bem os processos industriais, mas acho que uma térmica a carvão no RN não seria tão ruim, já que o estado gera muita energia limpa e, se não me engano, os resíduos da queima do carvão podem ser aproveitados pela indústria de cimento, que é forte no nosso estado.
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