quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Alô, binário

 

Não faz muitos dias Natal passou por uma importante transformação em seu sistema viário com a implantação do binário nas ruas Jaguarari e São José embora, na verdade, foi algo que se aproximou (um pouco) de um sistema binário, um meio binário ou um a-binário ou qualquer outra coisa. O resultado foi que o trânsito mudou, mas não sei se o tráfego mudou. Explicando: mudou a forma de ir a vir com mão única nas duas ruas em boa parte mas não sei avaliar se passou a ter mais carros andando pelas ruas ou se, ao contrário, criou mais transtorno e afastou o público.

 

Não sei, mas imagino que tenha sido realizada uma simulação em algum computador da STTU (são eles?) com base no fluxo existente para verificar as alternativas de mudança e qual impacto ocorreria, desde o acesso aos prédios das ruas e das quadras vizinhas, ao impacto no comércio. Espero que tenha havido algumas simulações para, no mínimo, a gente ter certeza de que houve um planejamento e que este foi intencionalmente positivo na avaliação dos resultados.

 

Achei, mas mera opinião pessoal, que poderia ter sido melhor. Primeiramente para tornar o sistema 100% binário e não ter que colocar pneus ou outras formas menos convencionais de alerta na mudança do sentido das ruas. E, efetivamente, se era para aumentar o fluxo, para intensificar a velocidade dos veículos, deveriam ter sido eliminados todos os estacionamentos. Mas, há trechos em que pode-se estacionar e outros não; na simulação, certamente, deve ter sido feita avaliação em relação ao fluxo, para não parecer que alguns trechos são mais importantes do que os outros e que alguns locais são mais privilegiados.

 

Seria interessante (se já não tiver sido feito) que fossem divulgadas estatísticas do antes e do depois e lembrando sempre que a motivação deveria ter sido liberar o fluxo também nas avenidas paralelas, Prudente de Morais e Salgado Filho. A lógica é simples: se uma rua tem o trânsito mais fluído receberá mais veículos e automaticamente liberará mais espaço nas ruas e avenidas paralelas. Por isto, os dados devem ser de todo o espaço mais diretamente afetado.

 

Avaliar estes números permitirá também melhor planejar outras alterações. Toda experiência “no papel” tem tendência a funcionar muito bem, embora a prática possa até superar a teoria e, como trata-se de um somatório de decisões individuais (cada motorista teria a liberdade de escolher seu caminho), o resultado pode até ser previsível mas dificilmente reflete a teoria.

 

Tudo passa por planejamento. Depois, por gestão. E como manda o ciclo do PDCA, eventuais correções. É assim que funciona naturalmente com todo projeto. E como todo bom projeto as correções ocorrem a partir da constatação da realidade e, igualmente como em todo projeto bem gerenciado, a constatação depende de números que comprovem os fatos. Uma leitura da realidade comparada com o planejamento deste novo trânsito em Natal ajudará a refletir sobre este crônico problema de cidades de médio e grande portes; quem sabe até, ajudará a fazer as eventuais correções para poder servir de exemplo para Natal. Mas, aí já é outra história.

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