Não faz muitos dias Natal passou por uma importante transformação em seu
sistema viário com a implantação do binário nas ruas Jaguarari e São José
embora, na verdade, foi algo que se aproximou (um pouco) de um sistema binário,
um meio binário ou um a-binário ou qualquer outra coisa. O resultado foi que o
trânsito mudou, mas não sei se o tráfego mudou. Explicando: mudou a forma de ir
a vir com mão única nas duas ruas em boa parte mas não sei avaliar se passou a
ter mais carros andando pelas ruas ou se, ao contrário, criou mais transtorno e
afastou o público.
Não sei, mas imagino que tenha sido realizada uma simulação em algum
computador da STTU (são eles?) com base no fluxo existente para verificar as
alternativas de mudança e qual impacto ocorreria, desde o acesso aos prédios
das ruas e das quadras vizinhas, ao impacto no comércio. Espero que tenha havido
algumas simulações para, no mínimo, a gente ter certeza de que houve um planejamento
e que este foi intencionalmente positivo na avaliação dos resultados.
Achei, mas mera opinião pessoal, que poderia ter sido melhor. Primeiramente
para tornar o sistema 100% binário e não ter que colocar pneus ou outras formas
menos convencionais de alerta na mudança do sentido das ruas. E, efetivamente,
se era para aumentar o fluxo, para intensificar a velocidade dos veículos,
deveriam ter sido eliminados todos os estacionamentos. Mas, há trechos em que
pode-se estacionar e outros não; na simulação, certamente, deve ter sido feita
avaliação em relação ao fluxo, para não parecer que alguns trechos são mais
importantes do que os outros e que alguns locais são mais privilegiados.
Seria interessante (se já não tiver sido feito) que fossem divulgadas
estatísticas do antes e do depois e lembrando sempre que a motivação deveria ter
sido liberar o fluxo também nas avenidas paralelas, Prudente de Morais e Salgado
Filho. A lógica é simples: se uma rua tem o trânsito mais fluído receberá mais
veículos e automaticamente liberará mais espaço nas ruas e avenidas paralelas.
Por isto, os dados devem ser de todo o espaço mais diretamente afetado.
Avaliar estes números permitirá também melhor planejar outras
alterações. Toda experiência “no papel” tem tendência a funcionar muito bem,
embora a prática possa até superar a teoria e, como trata-se de um somatório de
decisões individuais (cada motorista teria a liberdade de escolher seu caminho),
o resultado pode até ser previsível mas dificilmente reflete a teoria.
Tudo passa por planejamento. Depois, por gestão. E como manda o ciclo do
PDCA, eventuais correções. É assim que funciona naturalmente com todo projeto.
E como todo bom projeto as correções ocorrem a partir da constatação da
realidade e, igualmente como em todo projeto bem gerenciado, a constatação
depende de números que comprovem os fatos. Uma leitura da realidade comparada
com o planejamento deste novo trânsito em Natal ajudará a refletir sobre este crônico
problema de cidades de médio e grande portes; quem sabe até, ajudará a fazer as
eventuais correções para poder servir de exemplo para Natal. Mas, aí já é outra
história.
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