terça-feira, 13 de agosto de 2024

Haja cigarro para o RN

 

Uma notícia do final de semana aqui no RN foi a apreensão de dois veículos carregados de cigarro no interior do Estado. O número é impressionante à primeira vista: foram apreendidas 900 mil carteiras de cigarro neste dia ou 18 milhões de cigarros. Infelizmente, na verdade, quando observamos o consumo de cigarro no Brasil esta apreensão nem assusta muito. Uma primeira consideração é de que se tratava de cigarro produzido no exterior, em outras palavras, não há uma estatística completa que permita avaliar qual é o real consumo de cigarros no Brasil. Mas, temos alguns indicadores que nos dão uma pista.

 

Do ponto de vista formal a produção nacional (controlada pela Receita Federal na tributação dos selos de lacre de cada carteira de cigarro) foi de quase 4,5 bilhões de carteiras e isto nos dá uma pista de que o consumo médio anual per capita nacional é de aproximadamente 20 carteiras/ano. Considerando estes números e trazendo para a realidade do RN (população de cerca de 3,4 milhões de habitantes), o consumo médio de cigarros no Estado é de cerca de 71 milhões de carteiras/ano ou quase 6 milhões de carteiras/mês. É muito, muito mesmo.

 

A apreensão das 900 mil carteiras de cigarro na semana passada impressionam até a gente descobrir que isto representa apenas o consumo de 15 dias no RN. A rigor, portanto, nem afetará o consumo potiguar nem mesmo as vendas clandestinas (com cigarros importados de forma irregular), facilmente o estoque será reposto e todo mundo terá condições de vender um produto contrabandeado assim como facilmente muitas pessoas continuarão a comprar cigarros sem saber a origem nem a qualidade do produto.

 

A tentativa para diminuir o consumo é aumentar a tributação. Dá resultado mas, provoca um efeito perverso: a sonegação com a importação de cigarros ou ainda a produção nacional sem o menor controle de qualidade. Em outras palavras, se fumar faz mal, fumar cigarro contrabandeado ou produzido de forma irregular apenas aumenta a possibilidade de piorar a situação do fumante (saúde financeira e saúde corporal).

 

A luta é grande e o controle deve aumentar ainda mais. Há uma medida que poderia auxiliar em relação aos caminhões carregados de cigarros ilegais: as balanças nas rodovias, com pesagem obrigatória. Como cigarro não pesa muito, todo grande caminhão com peso abaixo da média poderia ser objeto de fiscalização.

 

Não é isto que resolverá a questão da saúde pública e do consumo de cigarros, sem dúvida. Mas, ajudará a combater o crime organizado, o que é um bom resultado. E se houver mais apreensões de cigarros ilegais, aumentar a tributação para o cigarro ficar mais caro seria ainda melhor e, quem sabe, diminuiria a conta de todos, inclusive dos não-fumantes que “contribuem” indiretamente com o custo do tratamento de saúde. Menos (cigarro) é sempre mais (e melhor).

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