Temos petróleo no RN e, ao que tudo indica, por mais algumas décadas de
exploração e beneficiamento, apesar de todo o movimento em favor da
descarbonização da economia, em especial aquela automotiva, com poluição diária
e constante em todas as cidades; não temos no RN uma produção industrial muito
“carbonizada”, a maior parte do consumo de energia nas indústrias utiliza a energia
eólica ou fotovoltaica do Estado, visto que produzimos muito mais do que
consumimos. Ainda devemos ter indústrias consumidores de óleo diesel para
movimentar seus equipamentos mas acho que este impacto do setor industrial é
residual em relação ao montante da energia consumida (há um impacto negativo
muito maior no setor industrial que utiliza a lenha como fonte energética).
Nossa indústria é mais consumidora de gás natural, um combustível fóssil
com ainda grande potencial de consumo no Estado, os gasodutos que saem de
Guamaré e seguem para o Ceará e Pernambuco “passam” por grandes indústrias do
RN. O horizonte na mudança deste perfil de consumo demorará um pouco.
Nesta semana tivemos um anúncio de um projeto piloto da produção de
energia a partir de hidrogênio verde. A ideia é que em 2027 esteja pronto o
chamado “piloto” ou, como preferem alguns leigos, simplesmente uma “experiência”.
De fato, o acordo firmado diretamente entre empresas (ambas de capital
internacional, Bélgica de um lado, e China do outro) é apenas para a
experimentação de um projeto de uma usina de produção de hidrogênio verde; o
investimento anunciado foi de R$ 44 milhões, valor que não chega nem perto dos
custos de projeto e licenciamento de uma plena indústria de hidrogênio verde
para abastecer o mercado ou um grande consumidor. É um começo, um bom começo.
Mas, voltando ao título, sim, temos petróleo no RN. Esta economia
“carbonizada” ainda resiste e persiste em todo o mundo e não é diferente aqui
em nossa terrinha. Os investimentos na indústria do petróleo/gás continuam
elevadíssimos e o retorno do investimento continua sendo extremamente atrativo.
O mundo está em fase de transição e há cada vez mais políticas indutoras para a
redução do uso de energia fósseis. Estamos no Brasil criando ideias e ideais e
buscando alternativas para fazer acontecer grandes investimentos, via setor
privado. Não é fácil investir em energias renováveis novas, como o hidrogênio
(verde, branco ou cinza), e tem sido um desafio global: é que a tecnologia está
em forte expansão e os parâmetros de investimento mudam rapidamente: a
realidade para produzir hidrogênio muda bastante a cada 6 meses. O desafio é
contínuo.
Na divulgação da projeto-piloto entre as empresas CPF e Mizu uma
representante de entidade (acho era a Associação Brasileira de Hidrogênio
Verde) celebrou o começo de uma resposta que, como ela afirmou, está sempre
buscando: quando haverá a primeira nota fiscal de venda de hidrogênio verde? Em
princípio, como foi informado pelas empresas, em breve, no ano de 2027; ainda
que seja em um projeto embrionário, experimental.
Até lá continuaremos a ter petróleo no RN com sua exploração/beneficiamento
e sua extensa cadeia produtiva envolvida nestes negócios. A transição
energética é essencial, mas o ritmo econômico da “conta a pagar” ainda está
ditando as regras. A primeira nota fiscal foi prometida para 2027 mas, para as
demais nem a Mizu nem a CPFL detalharam o calendário. Portanto, aguardar com
toda a atenção merecida pelo novo hidrogênio potiguar.
PS: Antigamente se chamava "pré-teste" depois em tempos mais modernos, todo negócio tem seu MVP mas o mais importante, principalmente em novos mercados, é começar o projeto, ainda que seja um piloto; o anúncio, certamente, atrairá novos interessados no mercado!
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