domingo, 25 de agosto de 2024

Temos petróleo no RN

 

Temos petróleo no RN e, ao que tudo indica, por mais algumas décadas de exploração e beneficiamento, apesar de todo o movimento em favor da descarbonização da economia, em especial aquela automotiva, com poluição diária e constante em todas as cidades; não temos no RN uma produção industrial muito “carbonizada”, a maior parte do consumo de energia nas indústrias utiliza a energia eólica ou fotovoltaica do Estado, visto que produzimos muito mais do que consumimos. Ainda devemos ter indústrias consumidores de óleo diesel para movimentar seus equipamentos mas acho que este impacto do setor industrial é residual em relação ao montante da energia consumida (há um impacto negativo muito maior no setor industrial que utiliza a lenha como fonte energética).

 

Nossa indústria é mais consumidora de gás natural, um combustível fóssil com ainda grande potencial de consumo no Estado, os gasodutos que saem de Guamaré e seguem para o Ceará e Pernambuco “passam” por grandes indústrias do RN. O horizonte na mudança deste perfil de consumo demorará um pouco.

 

Nesta semana tivemos um anúncio de um projeto piloto da produção de energia a partir de hidrogênio verde. A ideia é que em 2027 esteja pronto o chamado “piloto” ou, como preferem alguns leigos, simplesmente uma “experiência”. De fato, o acordo firmado diretamente entre empresas (ambas de capital internacional, Bélgica de um lado, e China do outro) é apenas para a experimentação de um projeto de uma usina de produção de hidrogênio verde; o investimento anunciado foi de R$ 44 milhões, valor que não chega nem perto dos custos de projeto e licenciamento de uma plena indústria de hidrogênio verde para abastecer o mercado ou um grande consumidor. É um começo, um bom começo.

 

Mas, voltando ao título, sim, temos petróleo no RN. Esta economia “carbonizada” ainda resiste e persiste em todo o mundo e não é diferente aqui em nossa terrinha. Os investimentos na indústria do petróleo/gás continuam elevadíssimos e o retorno do investimento continua sendo extremamente atrativo. O mundo está em fase de transição e há cada vez mais políticas indutoras para a redução do uso de energia fósseis. Estamos no Brasil criando ideias e ideais e buscando alternativas para fazer acontecer grandes investimentos, via setor privado. Não é fácil investir em energias renováveis novas, como o hidrogênio (verde, branco ou cinza), e tem sido um desafio global: é que a tecnologia está em forte expansão e os parâmetros de investimento mudam rapidamente: a realidade para produzir hidrogênio muda bastante a cada 6 meses. O desafio é contínuo.

 

Na divulgação da projeto-piloto entre as empresas CPF e Mizu uma representante de entidade (acho era a Associação Brasileira de Hidrogênio Verde) celebrou o começo de uma resposta que, como ela afirmou, está sempre buscando: quando haverá a primeira nota fiscal de venda de hidrogênio verde? Em princípio, como foi informado pelas empresas, em breve, no ano de 2027; ainda que seja em um projeto embrionário, experimental.

 

Até lá continuaremos a ter petróleo no RN com sua exploração/beneficiamento e sua extensa cadeia produtiva envolvida nestes negócios. A transição energética é essencial, mas o ritmo econômico da “conta a pagar” ainda está ditando as regras. A primeira nota fiscal foi prometida para 2027 mas, para as demais nem a Mizu nem a CPFL detalharam o calendário. Portanto, aguardar com toda a atenção merecida pelo novo hidrogênio potiguar.


PS: Antigamente se chamava "pré-teste" depois em tempos mais modernos, todo negócio tem seu MVP mas o mais importante, principalmente em novos mercados, é começar o projeto, ainda que seja um piloto; o anúncio, certamente, atrairá novos interessados no mercado!

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