A pergunta poderia ser também, “quem quer viajar de avião para/de
Mossoró?”. A notícia da Voepass com a anulação (dita como meramente temporária)
de sua ligação para Mossoró nem deixou muita surpresa, depois do cancelamento
de voos para Fernando de Noronha, que é um mercado bem mais rentável do que
outros destinos. Agora foi a vez da Azul anunciar que em breve reduzirá sua oferta
de voos, não sendo um cancelamento do destino mas, como foi informado, uma
readequação em função de demanda, com a restrição para quatro voos semanais.
Há uma causa ou uma motivação comum a estas duas empresas e estes dois
anúncios, ainda que mais visível a questão da Voepass que com o recente
acidente perdeu capacidade de oferta de voos em sua programação normal. O traço
comum é que a demanda não é das melhores e o preço cobrado pela passagem não pode
aumentar muito para não diminuir ainda mais a ocupação das aeronaves.
Não faz muito tempo tivemos a notícia de vários cancelamentos de voos e
aparentemente o motivo era a baixa demanda mesmo; era mais barato pagar ônibus,
táxi ou carro para levar os passageiros que haviam comprado a passagem do que
bancar o custo do voo, de ida e de volta. É uma questão de matemática, de somar
“um mais um” e de registrar qual é o menor prejuízo. Parece que a Latam/Voepass
não precisou fazer muitas contas quando houve tantos cancelamentos.
A aviação regional é um problema aqui e em muitos lugares, em muitos países.
Bem que em alguns lugares da Europa a questão é o custo ambiental de voos
curtos quando a opção terrestre (ou por trem) pode resolver o problema do
deslocamento sem causar muito impacto ambiental (o querosene de aviação é o
combustível mais poluente de todos, ou pelo menos bem mais do que o diesel de
caminhões). Aqui é uma questão de demanda.
E Mossoró não escapa deste dilema de demanda. Será que há tanta gente
mesmo querendo viajar de/para Mossoró de avião? Vale lembrar que é uma cidade
que não tem turismo regular, a demanda turística é apenas quando tem algum
evento. Não vale também dizer que a culpa é da saída da Petrobras da cidade,
senão quanto ela estava por lá teríamos muitos e muitos voos regulares; e não
houve.
O custo de manutenção do aeroporto em Mossoró é alto. Já foi transferido
para a Infraero para diminuir os gastos das estaduais mas, de qualquer forma, é
mantido com tributos. Ainda que as despesas possam ser reduzidas, os custos de manutenção
da pista e dos equipamentos de segurança dificilmente são cobertos apenas com a
taxa de embarque. A conta é desigual, bem desigual.
E agora, Mossoró? Com a saída da Voepass e a redução de voos da Azul
será que há o risco para o aeroporto? Por quanto tempo a operação deficitária
poderá ser mantida pela Infraero e, se for o caso, também pelas empresas? Se a
lei do mercado é uma junção da oferta com a demanda, qual poderiam ser as ações
para que a demanda volte a impulsionar a oferta de voos e de assentos? A ação
política, acho, já chegou a seu ápice. Agora é pura questão de mercado, de
estratégia empresarial; quem do setor privado encampará novas propostas para
aumentar a demanda?
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