Semana passada o IBGE apresentou estatísticas da evolução da população
brasileira e demonstrou sua indicação e projeção do que deveria acontecer nos
próximos anos: o Brasil está envelhecendo e em algumas décadas a população de
idosos será maior do que a população de jovens. Todos nós já percebemos que há
um envelhecimento da população nacional e também percebemos que encontramos
menos pessoas passeando com crianças ou até mesmo menos pessoas (jovens) que
anunciam casamento & filhos; basta a gente sair na rua, por exemplo, em bancos
e shoppings, para perceber que aquela “fila de prioridades” ou “fila de idosos”
tem sempre um movimento, não fica tão “vazia” quanto há algum tempo.
A legislação nacional até avançou neste tempo e se antecipou ao envelhecimento
populacional: temos uma regra de prioridade para os idosos com mais de 60 anos
e temos a prioridade da prioridade, aquela que é referência para quem tem mais
de 80 anos: em outras palavras, quem tem seus 80 anos poderá “furar” a fila dos
idosos e passar na frente de que tem “apenas” seus 75 anos.
Há vários problemas para enfrentarmos e precisamos conhecer as
experiências internacionais, principalmente na Europa. Ou teremos nosso caos de
todo dia do mesmo jeito ou mais agravado penalizando os mais idosos: há a questão
da aposentadoria e seu custo e a questão da idade para aposentadoria sem falar
nos custos de saúde e de um mercado que deverá criar condições de adaptabilidade
às terceira e quarta idades. É pura realidade em alguns lugares, em alguns será
aqui também.
Mas, gostaria de fazer outra abordagem desta questão numérica e demográfica:
como ficarão as pequenas cidades nos anos 2070? Haverá população “suficiente”
para que a cidade mantenha-se ativa e, mais ainda, economicamente viável
enquanto gestão pública?
Explico: o antigo chamado êxodo das pequenas cidades continua, embora
mais lento, acontecendo para as cidades de médio/grande porte e em geral para
ter melhores oportunidades educacionais e de emprego. Com o envelhecimento da população
esta migração tenderá a continuar ou se ampliar mas, por motivos diferentes: saúde.
As pequenas cidades terão condições de oferecer serviços para os mais idosos e
de forma descentralizada? Do setor privado não podemos esperar que façam
investimentos importantes nas pequenas cidades, já não é rentável hoje e será
menos ainda para os serviços de saúde dos idosos. E do setor público também não
se pode esperar uma grande disponibilidade de recursos para oferecer serviços,
inclusive novos (fisioterapia, fonoaudiologia etc), nestas cidades. Um dilema,
portanto.
Se hoje os jovens já aprenderam que sair de uma cidade pequena é possível
e viável, quando alcançarem a terceira idade e perceberem que terão 1, 2 ou
décadas pela frente sem os serviços básicos de saúde na cidade onde estão,
continuarão a morar no mesmo lugar? Ou será uma nova migração?
E se você preferir, já considerando a queda prevista com o envelhecimento
da população e somando com um provável novo ciclo migratório, como ficarão as
pequenas cidades. Pensando aqui no RN, daqui a 20 ou 30 anos, qual será a
população de Viçosa? Subsistirá ao tempo? Subsistirá ao tempo de vida das
pessoas?
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