A saga das Lojas Americanas continua e a cada resultado divulgado parece
que a solução está mais distante ainda. Os números desta semana revelaram que o
prejuízo continua forte, eu diria que é quase sistêmico. O efeito imediato
aconteceu na Bolsa de Valores com as ações despencando, mais uma vez. Quando a
gente compara com o valor de um ano atrás, cada ação das Americanas eram
negociado a R$ 2,17 e ontem fechou com R$ 0,14, ou seja, uma queda de quase 95%
do valor. Muita coisa, mesmo. E mais catastrófica ainda quando lembramos que
antes da crise começar cada ação era negociada a quase R$ 17,00.
Para ficar bem claro o prejuízo que pode ter acontecido com algum
investidor que tinha, digamos, 1.000 ações antigamente e um patrimônio de R$
17.000,00, se não tiver vendido as ações antes, hoje teria apenas R$ 140,00 ou
pouco mais de 0,8% do total. Agora imagine que tinha investido cem mil, um
milhão etc.
Este efeito virtual na tela da cotação da Bolsa é bem mais real nas
lojas da empresa. Já comentei aqui a tristeza de ver várias lojas fechando e
aquelas que permanecem abertas já não têm mais tantos produtos. Recentemente
fui ao Partage Shopping Mossoró e tive pena de ver uma grande parte da loja com
prateleiras completas vendendo bolachas e chocolates. Quem diria que um dos
centros de compra para os brasileiros terminasse com foco maior em uma barra de
chocolate...
E olha que a empresa já foi proprietária do Submarino, uma plataforma de
vendas on line que gostava de contar vantagens. Não deu certo, depois da crise,
e o grupo foi perdendo muita coisa. Ainda sobrevive mas se continuar neste
ritmo acho que o final do ano teremos mais espaços vazios no comércio de Natal
e no shopping de Mossoró. Para Mossoró a reação será ainda negativa, pois
instalada em um shopping que nunca conseguiu ser uma plenitude de atrativos e
de lojas importantes para o comércio local.
Muito provavelmente a esta altura os gestores dos pontos comerciais onde
estão as Lojas Americanas voltaram a ficar preocupados com o fechamento da
empresa. Que empresa encontrar para substituir em uma loja grande e que,
certamente, deve ter um aluguel elevado? Aqui em Natal, na Cidade Alta seria
apenas mais uma perda de ocupação econômica em um local que segue –
infelizmente – os mesmos passos da Ribeira. Uma lugar onde “já foi’ Natal.
O comércio eletrônico e o paradigma da destruição criativa é bem
presente: quando achamos que acontece longe da gente vemos, de perto, a
decadência das Lojas Americanas e da Cidade Alta, em Natal. O mundo
moderniza-se rapidamente, e os negócios também. Se para alguns consumidores a
adaptação é mais penosa, para quem produz na economia o impacto pode ser cruel
e sem chances de sobrevida. Nos mundo dos negócios ninguém tem pena de ninguém,
nem a empresa do consumidor, nem o mercado da empresa; não é uma “vingança” a
ser celebrada toda vez que uma empresa encerra suas atividades, é apenas a
expectativa de que um novo negócio venha mostrar sua cara e que seja melhor do
que o que já existia. Só assim diminuiria o pesar da perda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário