sábado, 17 de agosto de 2024

Sem ação

 

A saga das Lojas Americanas continua e a cada resultado divulgado parece que a solução está mais distante ainda. Os números desta semana revelaram que o prejuízo continua forte, eu diria que é quase sistêmico. O efeito imediato aconteceu na Bolsa de Valores com as ações despencando, mais uma vez. Quando a gente compara com o valor de um ano atrás, cada ação das Americanas eram negociado a R$ 2,17 e ontem fechou com R$ 0,14, ou seja, uma queda de quase 95% do valor. Muita coisa, mesmo. E mais catastrófica ainda quando lembramos que antes da crise começar cada ação era negociada a quase R$ 17,00.

 

Para ficar bem claro o prejuízo que pode ter acontecido com algum investidor que tinha, digamos, 1.000 ações antigamente e um patrimônio de R$ 17.000,00, se não tiver vendido as ações antes, hoje teria apenas R$ 140,00 ou pouco mais de 0,8% do total. Agora imagine que tinha investido cem mil, um milhão etc.

 

Este efeito virtual na tela da cotação da Bolsa é bem mais real nas lojas da empresa. Já comentei aqui a tristeza de ver várias lojas fechando e aquelas que permanecem abertas já não têm mais tantos produtos. Recentemente fui ao Partage Shopping Mossoró e tive pena de ver uma grande parte da loja com prateleiras completas vendendo bolachas e chocolates. Quem diria que um dos centros de compra para os brasileiros terminasse com foco maior em uma barra de chocolate...

 

E olha que a empresa já foi proprietária do Submarino, uma plataforma de vendas on line que gostava de contar vantagens. Não deu certo, depois da crise, e o grupo foi perdendo muita coisa. Ainda sobrevive mas se continuar neste ritmo acho que o final do ano teremos mais espaços vazios no comércio de Natal e no shopping de Mossoró. Para Mossoró a reação será ainda negativa, pois instalada em um shopping que nunca conseguiu ser uma plenitude de atrativos e de lojas importantes para o comércio local.

 

Muito provavelmente a esta altura os gestores dos pontos comerciais onde estão as Lojas Americanas voltaram a ficar preocupados com o fechamento da empresa. Que empresa encontrar para substituir em uma loja grande e que, certamente, deve ter um aluguel elevado? Aqui em Natal, na Cidade Alta seria apenas mais uma perda de ocupação econômica em um local que segue – infelizmente – os mesmos passos da Ribeira. Uma lugar onde “já foi’ Natal.

 

O comércio eletrônico e o paradigma da destruição criativa é bem presente: quando achamos que acontece longe da gente vemos, de perto, a decadência das Lojas Americanas e da Cidade Alta, em Natal. O mundo moderniza-se rapidamente, e os negócios também. Se para alguns consumidores a adaptação é mais penosa, para quem produz na economia o impacto pode ser cruel e sem chances de sobrevida. Nos mundo dos negócios ninguém tem pena de ninguém, nem a empresa do consumidor, nem o mercado da empresa; não é uma “vingança” a ser celebrada toda vez que uma empresa encerra suas atividades, é apenas a expectativa de que um novo negócio venha mostrar sua cara e que seja melhor do que o que já existia. Só assim diminuiria o pesar da perda.

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