Neste ano teremos 100 mil candidatos a menos do que nas eleições para
prefeitos e vereadores em 2020. Por um lado, uma boa notícia: os que se
apresentam devem ser, efetivamente, candidatos e não alguns “laranjas” ou mero
preenchimento de vagas seja por interesse partidário seja por delírio pessoal
ou até mesmo por delírio coletivo de estimular alguém a candidatar-se mesmo
sabendo que não teria a menor chance. Mas há um lado negativo com a notícia:
diminui o tamanho da democracia (se considerarmos que muitos candidatos sérios
desistiram de buscar os votos) e diminui a conta para o mercado local que
espera ansiosamente por eleições para ter contratos (publicidades, impressos,
advogados, fornecedores de alimentos etc) firmados e, geralmente, bons
contratos.
Este número impressiona nacionalmente, ainda que sejam mais de 450 mil
candidatos em todo o Brasil, misturados os que pretendem chegar à Câmara
Municipal e os que buscam a Prefeitura.
Mas, há outro dado que entendo menos valioso para a democracia. Aqui no
RN, mesmo. Dos 167 municípios não haverá concorrência para a prefeitura em 9
cidades. É muito! Considerando que estamos em uma democracia e que todo mundo
pode candidatar-se e votar livremente, saber que nestas cidades haverá, desde
já, um vencedor declarado, acho negativo; é claro que mesmo sendo candidato
terá que conseguir pelo menos 50% dos votos, senão haverá uma nova eleição.
Mas, convenhamos, se houve candidatura única deve-se muito provavelmente a um
“consenso” coletivo. Consenso entre os candidatos, talvez não entre os
eleitores.
Em Acari, Coronel João Pessoa, Riacho da Cruz e São José do Seridó o
atual gestor será reeleito: nestas cidades o atual gestor é candidato único.
Avaliando friamente e à distância poderíamos imaginar que a gestão é tão
eficiente e tão validada pela população que ninguém se “atreve” a
candidatar-se. Mas, trata-se de política, não de literatura.
Em Frutuoso Gomes, Lucrécia, Pilões, Rafael Godeiro e Serrinha dos
Pintos também será candidato único. A maioria deles apoiado pela atual gestão
e, em algumas situações, pelo fato do atual gestor já ter encerrado seus dois
mandatos. Continuidade assegurada, portanto, pelo menos para a eleição. Depois,
durante o mandato, a ver.
Quando vejo um universo tão grande quanto este, de eleitores em (dezenas
de) milhares, me impressiona o fato de não haver concorrência. É claro que não
se trata de atacar o candidato único nem de julgar se deve continuar ou não
mas, é um posicionamento contrário ao que entendo ter sido um direito
conquistado pela Humanidade em vários países e defendido arduamente no Brasil:
democracia se faz com liberdade de voto e com liberdade de candidatos e por
mais que seja consensual a candidatura única entre os partidos e alianças
políticas, pode parecer a-democrático.
Deveria ser proibida candidatura única? Eventualmente, acho. Ou poderia
ter outro indicador, outra barra de limite. Se para ser eleito é necessário o
mínimo de 50% dos votos nas candidaturas únicas, poderia haver um acréscimo: no
mínimo 2/3 dos votos e participação de pelo menos 2/3 da população no dia da
eleição. Seria a validação da composição política com a vontade popular. É uma
ideia.
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