A Naturgy, uma empresa de distribuição de gás natural no Rio de Janeiro, continua a apostar no gás natural veicular, o GNV, como uma grande oportunidade de mercado, por lá. Neste mês a empresa anunciou um investimento de quase R$ 300 milhões para montar uma infraestrutura de atendimento em postos de combustíveis pelo Estado, naquilo que batizou de “corredores sustentáveis”. É bem verdade que por lá os dados são muito animadores para este mercado, afinal estão registrados 1,7 milhão de veículos leves que podem utilizar o GNV e é possível abastecer em 700 postos em todo o Estado. Números impressionantes e que, efetivamente, acabam conquistando o consumidor a fazer a inclusão do GNV como fonte de combustível em seu carro. Um último dado desta potência de investimentos já realizados e a realizar, são vários postos nas cidades e também nas rodovias estaduais, principalmente na ligação com o Estado de São Paulo.
Já faz bons anos que o gás natural para veículos é anunciado como o futuro, e isto era bem antes dos carros elétricos e do sonho (atualmente quase impossível, do ponto de vista técnico) de carros movidos à hidrogênio. No final do século passado, acho por volta de 1998/99, acompanhei os primeiros programas de incentivo ao uso do GNV, em Natal, uma promessa que assegurava a competividade em função do preço do combustível, seria muito mais barato do que a gasolina e o álcool.
Anos se passaram e a promessa de melhor competividade continua sendo um atrativo para muitos motoristas. Já vimos muitas campanhas para a inclusão do GNV como opção, algumas vezes com premiação em dinheiro. Foram várias tentativas de ampliar o número de consumidores individuais, mas que não conseguem convencer muita gente. É que nestes últimos anos entre animação e realidade tivemos fase de descrédito, principalmente no início destas campanhas e o chato em tudo isto é que alguns recuos ficaram na memória dos consumidores.
Hoje o desafio é outro, bem diferente: a competição com os carros elétricos. Por enquanto há uma grande vantagem para os fornecedores de GNV: o carro elétrico é muito caro em comparação aos modelos “tradicionais” e a adição do GNV tem um custo muito menor.
Hoje, no entanto, há um mesmo desafio para ambos: não há rede de abastecimento extensa nem em fase de expansão. Mas nesta competição o GNV está perdendo mais rapidamente, há alguns pontos de abastecimento de carros elétricos na cidade e novos prédios ou condomínio já estão sendo lançados com pontos de recarga, algo que não é possível fazer com o abastecimento de gás natural. E como em todo mercado concorrencial, é cada um lutando por seu espaço, por maior espaço.
Curiosamente um dos grandes consumidores de GNV são os carros Uber, algo que deve permanecer por alguns anos visto que o preço da gasolina e álcool não é convidativo para que faz serviço de transporte e um carro elétrico tem um preço elevado que não permite imaginar que este tipo investimento possa trazer retorno financeiro apenas com as corridas individuais.
Quem diria que o “efeito colateral” positivo do Uber favoreceria
o gás natural veicular... Bom para “ambos, todo mundo”?
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