sábado, 18 de janeiro de 2025

Kibon também é vintage

Dois nomes cresceram em gerações e condições bem diferentes: Kibon e a palavra de origem inglesa (na verdade, derivado do francês) vintage. Para quem foi criança-adolescente nos anos 1980/90 sabe bem o que representava o nome Kibon, garantia de festa bem movimentada, animação certa; aqui no Nordeste, mais especialmente em Natal, o nome ganhou muito espaço quando comprou a Sorvane e passou a ser Kibon-Sorvane por alguns anos. A Kibon, que sempre foi uma multinacional, mudou muito ao longo dos anos e adotou até uma identidade visual que era (acho 100%) global, embora com outros nomes em outros países.

Mas, ainda sendo nostálgico, e por causa da novidade, nos anos 1990 comprar um picolé Kibon tinha quase uma motivação principal, ou duas: teve um tempo em que os palitos de picolé eram em plástico, e coloridos, que permitiam a montagem para criação de alguns objetos, a depender da criatividade e da quantidade de palitos que cada um tinha (não era um Lego, claro, mas lembrava um pouco o conceito) e depois teve o tempo do “palito premiado” em que a ansiedade da turma jovem era consumir logo o picolé para saber se havia uma inscrição no palito com direito a um novo picolé, 100% de graça! Era pura emoção saber quem ganhava o picolé extra.

Pois bem, como se dizia antigamente, a Kibon voltou com a promoção do picolé premiado! Mas, nem adianta sair procurando aqui em Natal ou no RN esta promoção, pois foi criada – e por pouco tempo – apenas em algumas praias do litoral paulista, Bertioga, Caraguatatuba, Guarujá, Santos, São Sebastião e Ilhabela. Não vi ainda notícia de seu certo, se virou “febre” entre a turma mais jovem de sair buscando a premiação e querendo comprar um picolé Kibon todos os dias, várias vezes ao dia; acho também que os adultos de hoje, crianças-adolescentes dos anos 1990 (quando foi lançada a promoção) até entrarão na onda. E em breve alguém aqui no RN que esteja passeando por uma destas praias postará uma foto no Instagram ou no Tik Tok com a conquista do prêmio (eu nem faria a troca, guardaria o palito para mostrar para todo mundo...).

Esta é mais uma prática do conceito vintage – embora picolé não seja vintage, claro! –, da proposta de resgatar a memória de tempos passados para conquistar novos e mais jovens clientes mas também de fazer com que pessoas que viveram naquela época possam usufruir do passado, de foram real, presencial, com um objeto concreto, ainda que tenha sido fabricado recentemente mas com todo o design de antigamente (se você tem dúvida basta ver os lançamentos de toca-discos modernos que resgatam todas as características dos modelos antigos; e até vendem bem). Para os que são contrários ao consumo ou consumismo deve ser uma tortura rever estes relançamentos, o tal consumo “afetivo” ou “confortável” em que se recupera a memória para validar uma velha-nova proposta comercial anos e anos depois; a indústria do consumo cultural que o diga.

O mercado é assim mesmo, aproveita as oportunidades e quando elas estão pausadas, basta recriá-las com nova roupagem ou novo marketing para tentar validar e revalidar produtos e serviços de sucesso. Não teremos estes picolés premiados da Kibon em Natal. Pelo menos por enquanto.

Mas, quem sabe pode inspirar a concorrência? Poderíamos ter nossos picolés-sorvetes com marcas de qualidade lançando sua própria campanha. Seria uma boa ideia. Eu entraria na fila para prestigiar a ideia e as empresas do RN; mais de uma vez!
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