sábado, 4 de janeiro de 2025

O jeito caro de voar

 Ontem foi divulgada mais uma notícia sobre empresa aérea brasileira, mais especificamente a notícia de que a Azul repetiu a trajetória da Gol e conseguiu negociar com o Fisco um super redução dos tributos que estava devendo, saindo dos R$ 2,5 bilhões para “apenas” R$ 1,1 bilhão. Um bom negócio, parece, para as partes pois de um lado a Receita Federal pode começar a imaginar que receberá os valores atrasados e devidos, e bom para a empresa que diminui sua dívida, melhorando os dados contábeis e dá até mais fôlego na gestão do seu fluxo de caixa.

 

Continua sendo intrigante, sempre achei, que em todo mundo as empresas de aviação passam por dificuldades, algumas delas quebram de verdade deixando mulita gente na mão enquanto outras passam o tempo todo renegociando e alongando as dívidas até que encerrem as atividades ou que sejam compradas (incorporadas) por algum concorrente. E já vimos isto acontecer há bastante tempo como recentemente, aqui e no exterior, casos emblemáticos globais como a KLM e Air France ou casos mais locais como a Ita, a empresa aérea brasileira do grupo Itapemirim que fico na dúvida se era uma grandiosa estratégia, um grandioso sonho ou uma extravagante ousadia; agora, de qualquer forma, não é nenhuma das opções.

E viajar continua caro! Não é de hoje. E a culpa não é do lanche (cada vez no formato de brinde), nem das malas (paga-se para viajar com elas), nem do preço do combustível (há redução de ICMS em vários estados) nem do custo salarial (não são elevados e houve várias reduções de contratações). Sobram, parece, o preço do petróleo e de seu derivado, o querosene de aviação, e o preço do avião, uma fortuna a encomenda de uma grande aeronave em um mercado dominado pela Boeing e Airbus. E na aviação regional, aquela no modelo Natal-Mossoró, em todo o mundo o problema é o mesmo, caro e pouco sustentável economicamente (aqui é o Governo do RN quem apoia diretamente a manutenção destes voos regionais).

Mundo afora vimos as empresas de low cost. Funcionam, ainda que não sejam a melhor das opções mas, é uma realidade em que algumas empresas conseguem dominar o mercado, basta ver a quantidade de passageiros .

Aqui no Brasil não temos grandes opções de salvação. Vamos, tudo indica, continuar a pagar caro por passagens aéreas e algumas vezes mais do que preço alto, algo exorbitante: basta ver quanto custa fazer o trajeto Natal-Fortaleza. As aeronaves continuam praticamente lotadas, as passagens custam caras, os deslocamentos para o aeroporto uma fortuna, o lanche no aeroporto é um exercício de superação quando vemos os preços dos itens, inclusive para os mais simples. E engraçado é que não diminui o número de turistas, nem aqui e menos ainda no mundo inteiro.

De fato, aqui no Brasil e especialmente no mundo, nunca houve tanto turismo quanto agora! É algo surpreendente e que apenas confirma uma das velhas “leis da economia”, aquela que diz que quanto maior a demanda, maior o preço. Se antes poucas pessoas podiam se dar – literalmente – ao luxo de viajar, hoje muita gente pode se dar ao luxo – literalmente – de continuar pagando caro para viajar. Há cerca de 2 ou 3 décadas estamos no modo “jeito caro de voar” e parece continuaremos nele por mais alguns anos.

A solução? Mais uma vez vindo do Oriente? Se depender da empresa estatal Comac (Corporação de Aeronaves Comerciais da China), que quer enfrentar a Airbus e a Boeing, haverá maior oferta de aviões comerciais nesta década; a dúvida é saber se o aumento da oferta significará aumento da demanda, ou seja, se continuaremos no modo “jeito caro de voar” com aviões americanos, europeus e... chineses.

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