quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

A Fipe, sua tabela, o RN e eu

Muita gente (inclusive eu) somente conhece a sigla Fipe quanto o assunto é o valor do carro na hora de contratar o seguro, é a famosa “Tabela Fipe” que serve de referência para que as seguradoras estabeleçam o valor que o cliente pagará pelo seguro mas que, não necessariamente, corresponderá ao real valor de mercado quando você tentar vender seu veículo.

No último dia de Diário Oficial do ano vimos o resultado de uma outra atividade da Fipe que, aliás é a sigla para Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, pois foi contratada pela Secretaria da Fazenda para estabelecer a “tabela de valores venais de veículos automotores novos e usados”, registrados no Detran e assim definir o valor do IPVA 2025. Foram rápidos e eficientes, pois o contrato tem validade até março e poderiam até ter apresentado o resultado somente depois do Carnaval.

Sem entrar no mérito do aumento do IPVA e da tributação dos elétricos, temos alguns potiguares circulando em carrões pela cidade. Não é que eu os veja com regularidade (quase nunca, na verdade), mas em função da tabela do IPVA 2025 temos alguns padrões de riqueza no RN bem importantes. Os IPVA mais caros são R$ 55,3 mil para o Mercedez Benz AMG G63 e o Porsche 911 Turbo S, na sequência tem R$ 52,7 mil para o Porsche 911 Turbo CAB, R$ 49,0 mil para outro Porsche, modelo 991 Turbo, R$ 41,4 mil para o Porsche Cayenne e mais um Porsche na mesma dezena, R$ 40,7 mil para o modelo 911 CAR GTS; depois dois veículos mais “modestos”, na casa dos R$ 33,0 mil para o BMW X6 M e o Audi RSQ8 SB híbrido. E depois destes, os bem mais modestos, na casa dos R$ 20 ou 10 mil, básicos.

Não há como avaliar a quantidade destes carros mas, se está na Tabela deve-se ao fato de existir pelo menos 1 de cada circulando no RN e, provavelmente, considerando a renda per capita nos municípios, mais provável que estejam em Natal e em Mossoró.

São carros caros, bem caros mesmo, e que revelam que há um grupo social no RN com poder aquisitivo bastante elevado, talvez poucas dezenas de classificados como super-ricos, mas certamente um bom número de famílias com qualidade de vida material bem distante da média geral potiguar. É muito interessante, na minha opinião, que tenhamos este padrão de vida tão real aqui no RN, e por dois motivos: primeiramente pela origem desta riqueza, gerada pelas oportunidades de mercado e pela capacidade empreendedora, independentemente de ter uma outra questão de renda herdada, e em seguida pelo fato de que o parte do consumo acontece aqui também no RN e gera mais negócios e mais tributos. A riqueza pessoal e familiar não pode ser encarada apenas pela crítica, apesar da disparidade de renda, afinal quando legitimamente conquistada é mérito de quem soube aproveitar as oportunidades na área de  negócios, da música, do futebol etc.

Geralmente as pessoas criticam mais os ricos quando a fortuna vem dos negócios e tendem a enaltecer aqueles que ficam rico quando estão fazendo shows ou jogando bola. Acho que ambas são formas de conquista legítimas, se baseadas na meritocracia, na capacidade individual e na diferenciação, quem é bom sempre se destaca. Torço que os super-ricos gastem o máximo de sua fortuna aqui no RN assim como torço para que a lista dos super-ricos do RN aumente sempre; dentre as vantagens, talvez eu tenha mais chances de encontrar um destes carrões de R$ 50 mil de IPVA; e nem me sentiria humilhado em saber que o IPVA dele é maior do que o valor do meu carro. Que o diga a Fipe.

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