Hoje é a posse do mais novo presidente dos Estados Unidos, Donal Trump. Na verdade, nem tão novo assim pois ocupará pela segunda vez o mesmo mandato de um país que continua bastante poderoso não somente do ponto de vista econômico como também do ponto de vista bélico. Um desafio e tanto para qualquer pessoa, gerenciar tudo isto e tentar de alguma forma melhorar a vida de sua população afinal, este é um dos propósitos de quem chega ao cargo principal de um país, desde que pelas vias da democracia. O problema, e aí é de todos nós, é que as ações adotadas nos Estados Unidos podem ter reflexo muito direto em muitas partes do mundo ou em um punhado de países, inclusive o Brasil que, vale lembrar, não está imune neste cenário cada vez mais real.
No distante ano de 1932 o inglês Aldous Huxley publicou um livro – que depois virou filme e até série de TV – que ficou famoso, entre outras razões por seu título: Admirável mundo novo. O enredo é sobre futurismo, um futuro muito longe, o ano de 2540 em um mundo absolutamente diferente do atual não somente em função dos naturais e previsíveis avanços tecnológicos como também das mudanças sociais e da forma de ver as coisas. Tudo diferente e até mesmo meio esquisito para os padrões atuais.
Algumas pessoas neste imenso planeta estão pautando o dia de hoje não no livro de Huxley, mas no seu título, com a ideia de que a posse de Donald Trump será o começo de um outro “admirável mundo novo”. De fato, pelo menos com os anúncios pré-posse, poderemos ter um mundo diferente, mas não sei se novo; é que a ideia de anexar o Canadá e a Groenlândia, por exemplo, não tem nada de novo no contexto de anexação de territórios como não tem nada de admirável do ponto de vista político-democrático.
Parece certo que os dados econômicos globais mudarão se o discurso se transformar em rápida realidade, como querem alguns, a começar pela China, outro gigante bélico e econômico que costuma agir mais em silêncio do que disputar o noticiário internacional. O mundo já foi bipolar, no sentido das forças que o dominavam, nos tempos da Guerra Fria e agora, pelo menos do ponto de vista econômico, continuamos neste formato dual, e uma ação mais dominadora não ficaria sem resposta.
Não se trata aqui de defender ou atacar nem a direita nem a esquerda política, embora Trump não deixa dúvidas sobre seu viés político. Qualquer que seja o ideal ou a ideologia política e que esteja marcada pela ausência de democracia plena sempre beneficia um grupo menor de interessados e isto vale desde as disputas em centros acadêmicos, em partidos políticos e em alianças que dominam o poder de um país, de um estado ou de uma cidade. O resultado da hegemonia não-democrática tende a ser ruim e até muito ruim, com a diferença de que antigamente demorava mais para sofrermos com as consequências e hoje é tudo muito rápido.
Como nos ensinou há muito tempo um cara chamado Newton,
naquilo que ficou conhecido como a terceira lei de Newton, à toda ação
corresponde uma reação e, segundo ele, na mesma intensidade e, claro, no
sentido oposto. Não sei se hoje começa um “admirável mundo novo” mas, se algo
novo estiver começando espero que não seja no formato da obra de Aldous Huxley.
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