sábado, 11 de janeiro de 2025

Onde estão nossos imigrantes?

 Conhecemos as histórias no Brasil da imigração italiana e japonesa, vários relatos já foram transmitidos da chegada destes imigrantes ainda no início do século passado, praticamente toda concentrada em São Paulo e no Sul do País. As influências italianas e japoneses, embora muito presentes em São Paulo, se espalharam em todo o Brasil e hoje praticamente incorporamos muitas práticas no nosso dia a dia, em especial no que se refere à gastronomia. Quem percorrer o Sul do Brasil encontrará também a presença da imigração alemã, polonesa, lituana  etc.

Aqui no Nordeste os fluxos migratórios foram menores, bem menores. E no RN, não tivemos um fluxo migratório para fazer parte de nossa história. Mas, temos a história de um mini-fluxo, digamos assim, de imigração japonesa que chegou aqui no RN em 1956, uma tentativa de conciliação de experiências diferenciadas e que foi patrocinada pelo Governo do Estado. Foram poucos e ficaram poucos.

As condições imaginadas e talvez até mesmo prometidas não se transformaram em realidade no território potiguar e resultou nesta única experiência, seja com os japoneses seja com o incentivo e atração de outros grupos imigrantes estrangeiros. Tentaram e não deu certo.

Aqueles que aqui chegaram foram divididos em dois grupos com destinos geograficamente bem distintos: um grupo ficou em Pium, aqui perto de Natal, enquanto o outro foi para Punaú. A realidade, em 2025, destas duas, digamos, minicolônias é apenas pontual: há um bom tempo estive em Punaú e a única referência que escutei e que havia na cidade a “casa do japonês”, mas que era uma família muito reservada, havia pouca interação deles com a população local e vice-versa. Em Pium há notícia da resistência de um núcleo familiar mas, infelizmente não conheço.

Na época quem ajudou com a tentativa de resultados com estes imigrantes foi a Igreja Católica, com intervenção direta de Dom Eugênio Sales, um trabalho de aproximação, de valorização e de integração com o grupo estrangeiro. Recordo – infelizmente! – de poucos detalhes que meu pai comentava sobre o trabalho da Igreja, principalmente em Punaú onde houve uma intervenção ainda maior para beneficiar toda a população, em especial a educação de base com os rádios que eram distribuídos para que tivessem acesso à educação. Houve até mesmo a criação da Casa do Estudante Japonês, em Natal.

Claro que recebemos (relativamente) muitos estrangeiros no RN mas, nada de um fluxo migratório programado ou intenso. Temos um bom número de estrangeiros morando no RN, principalmente na Grande Natal e nos destinos turísticos mais voltados para o turismo internacional; mas temos na economia produtiva uma única influência estrangeira na área do agronegócio, com japoneses que investem na cultura do melão na região mossoroense. Mais recente, com a crise da ditadura na Venezuela, recebemos alguns imigrantes. Mas, acho que ainda desconhecemos muito da cultura venezuelana pois parece que a ação humanitária de acolhida foi o motivo principal; não sei, por exemplo, se temos alguma lanchonete ou restaurante que ofereça parte da culinário venezuelana (até teria curiosidade de conhecê-la!).

Onde estão os imigrantes do RN? Tudo indica, dispersos.


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