Semana passada uma das notícias que circulou em todas as mídias foi o muro construído na cidade de São Paulo para isolar o espaço conhecido como Cracolândia. Entre a argumentação oficial, de proteger os públicos de dentro e de fora e de melhor coordenar o atendimento, e a contestação de que seria uma segregação, o resultado é que é mais uma tentativa de resolver um dos graves problemas sociais do mundo inteiro, e não seria diferente aqui no Brasil.
Já foram realizadas várias tentativas em vários lugares do mundo. Um delas, icônica, foi uma praça em uma cidade da Suíça em que foi oferecido todo o atendimento à população de drogados, desde a oferta de seringas (para evitar contaminações na uso coletivo), de serviços médicos e até mesmo de pequenas doses diárias de droga para tentar evitar os pequenos furtos de viciados que buscavam, de qualquer forma, arranjar dinheiro para as drogas. Não deu muito certo e um dos resultados mais surpreendentes foi que a tal praça atraiu mais drogados e até de países vizinhos! O efeito colateral, nunca imaginado, foi que a oferta de tanto serviço, inclusive de droga, tornou-se um atrativo para outras pessoas; inacreditável, mas real.
Não era um muro, como em São Paulo, mas era uma tentativa de segregação ou pelo menos de aglutinação de pessoas em local único. O princípio talvez seja de que se não pode eliminar o problema das drogas, pelo menos reunindo em um mesmo local os consumidores fica mais fácil de controlá-los. Infelizmente, não sei se dará certo.
Hoje, globalmente falando, o problema maior nem é mais a produção de cocaína da Colômbia e sua “exportação” para o mundo inteiro e por um fato bem simples: é que no mundo mais rico já desenvolveram tantas drogas sintéticas que nem precisam de área para plantio, basta um laboratório em uma casa abandonada ou um pequeno galpão. E, como apontam as informações internacionais, com a facilidade de estar próximo do mercado consumidor, sem ter que enfrentar as políticas de fronteiras. Triste realidade.
Aqui no RN também temos algumas iniciativas e talvez tenhamos bem mais, apenas não tão divulgadas. Uma delas está com a entidade Desafio Jovem Ebenezer, lá de Extremoz, que deve receber R$ 300 mil do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate Fome para um projeto com duração prevista de um ano para “promover a capacitação de profissionais, voluntários e acolhidos na fase final do tratamento do Desafio Jovem Ebenézer em Extremoz/RN visando a redução da demanda de drogas, através de cursos profissionalizantes”. É uma ação, também já utilizada em vários lugares, de promover uma saída das drogas por meio de qualificação profissional e tentativa de inserção no mercado de trabalho.
São R$ 300 mil investidos no projeto de Extremoz. Na
torcida para que o resultado seja positivo. Não há solução única para a crise
das drogas, infelizmente. Se o projeto superar os resultados, bem que poderiam
mandar mais dinheiro para outras associações e organizações sem fins lucrativos.
Espera-se que sim.
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