quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Netflix Natal ou Netflix RN

As mudanças tecnológicas estão afetando há pelo menos duas décadas as audiências dos canais mais tradicionais de televisão, que comumente passaram a ser chamados de canais aberto. É claro que a concorrência começou bem mais cedo quando os canais a cabo ou tv por assinatura começaram a aparecer com suas programações variadas e principalmente com a quantidade de canais temáticos, entre filmes e jornalismo, entre desenho animado e esportes. Era um concorrência desleal visto que a tv a cabo permitia ter em casa vários canais com diversos programas enquanto os canais tradicionais tinham que que incluir em sua programação tudo o quanto era possível para poder agradar um universo maior de clientes, em um único canal.

Esta novidade deixou de existir, há anos. Os canais de tv a cabo e seus pacotes com 50, 60, 70 e até 100 opções de canais estão sofrendo uma outra concorrência, passando pela mesma dificuldade estratégica das tv abertas: como concorrer com os canais de streaming que oferecem um outro serviço, além da diversidade – que passou a ser uma exigência básica –, a de poder escolher a hora de assistir o que quiser. Algo, para os mais antigos, como um videocassete em que a gente gravava alguma coisa que queria ver pois estaria ocupado ou fora  de casa naquela hora; o streaming faz isto sem a gente precisar se preocupar, e nos permite assistir o que quiser e a qualquer hora.

É mais ou menos como ter o acervo de muita coisa disponível para acessar ou, em outras palavras, a tv passou a ser igual à internet: está tudo lá apenas esperando que a gente faça a nossa opção, e aquele canal que tem um mesmo nome para todos não exibe a mesma programação para todo mundo ao mesmo tempo. Temos agora um gigantesco menu para escolher um amplo “à a carte” de acordo com a vontade daquele dia, daquele momento.

O curioso é que Netflix, de certa forma, inaugurou um pouco este conceito de diversidade a todo tempo mas, na verdade quem acertou primeiro ou pelo menos quem conseguiu primeira chegar ao grande público foi o You Tube. Para termos uma dimensão deste espaço, apenas a plataforma You Tube já corresponde a 10% de toda a audiência de todas as televisões do mundo! Pode até parecer pouco, mas se considerarmos que muita gente neste mundo não tem acesso à internet, é um resultado surpreendente.

E o que é melhor e mais surpreendente é que todo mundo trabalha de graça para o You Tube. Sim, cada vez que alguém coloca um conteúdo novo e permite a visualização gratuita, apenas está ampliando o leque de opções deles, está contribuindo para a audiência deles e para a fixação da ideia de que tudo (ou quase tudo) está com eles. E mesmo que não seja deles, vale destacar, parece que foi o You Tube quem promoveu.

O consumidor já entendeu esta lógica e sabe bem como utilizá-la. Mas, a concorrência é acirrada, de conteúdo e acesso, entre Netflix e You Tube; e continuará. Talvez, quem sabe, teremos mais de uma Netflix no futuro breve, com seus nomes, assim como a tv cabo exibe vários canais em um pacote promocional de vendas. Se isto acontecer de verdade teremos, quem sabe, uma Netflix Natal ou Netflix RN. E aí precisará de conteúdo, de muito conteúdo; e será o tempo em que seremos, aqui, consumidores de informação mas também as produziremos. E passaremos a apresentar o RN, mais e melhor.

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