A morte do ex-Presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter trouxe à tona várias histórias suas, de resultados positivos – e por isto o Prêmio Nobel da Paz – à fracassos internos – por isto a perda retumbante na sua tentativa de reeleição, para Ronald Reagan – e outras histórias talvez menos relevantes para o noticiário mas que nos apontam algumas curiosidades bem interessantes.
Uma delas foi a implantação de painéis fotovoltaicos na Casa Branca durante seu mandato, há muito tempo, 1977 a 1981. O que me impressionou com esta notícia foi o período em que esta medida foi implantada, há mais de 40 anos! E pensar que os debates globais sobre meio ambiente tomaram corpo e maior visibilidade apenas no ano de 1992, com a Conferência da ONU no Rio de Janeiro, a Rio-92 ou Eco-92.
Nos idos dos anos 1980 falar de energia renovável deveria soar como conversar sobre inteligência artificial, robótica ou internet, ou seja, algo totalmente romantizado, grandes esperanças de mudanças, ainda que os termos sequer existissem ou até mesmo grandes sonhos de mudanças. Hoje é bastante natural e já mudou a paisagem no mundo e no RN encontrarmos placas fotovoltaicas e, vale lembrar, independentemente do município do da atividade; das grandes indústrias, aos comércios e passando por pequenas e modestas casas já parei de me surpreender andando pelas cidades do RN tamanha a quantidade de projetos existentes mas, como uma diferença substancial em relação à outros países, é que aqui a indicação para a instalação dos painéis fotovoltaicas não é uma questão ambiental, é apenas uma questão econômica.
Quando Carter encerrou seu mandato uma das medidas iniciais de Reagan foi retirar as placas fotovoltaicas. O projeto, claro, foi totalmente abandonado e causou grande atraso no desenvolvimento desta tecnologia, na melhoria ambiental global assim como na liderança econômica daquele país. A perda desta imensa oportunidade é sentida economicamente até hoje pelos Estados Unidos, afinal cerca de 80% da cadeia de fornecimento de placas fotovoltaicas está localizada na China, é quem domina o mercado global. Na Europa, por exemplo, as empresas que ainda estão por lá sofrem com a concorrência chinesa até mesmo para as indústrias de recuperação, a tentativa de conserto e reaproveitamento das placas: ainda sai mais barato comprar uma nova placa do que consertar a atual.
Hoje a tecnologia é tão simplificada que a vantagem econômica está na produção em série, a tal da economia de escala, competência econômica em que a China é quase imbatível. Aqui no RN temos várias empresas que atuam na prestação de serviços de instalação das placas, acho até que a concorrência deve estar perto mais apertada e o preço parece ser o diferencial maior. Somos grandes “produtores” de energia fotovoltaica, acho que os maiores parques do Brasil estão aqui no RN, com domínio da tecnologia chinesa.
Acredito que neste ritmo de expansão em
alguns anos poderíamos até ter um setor de self service das placas fotovoltaicas
nas lojas: basta comprar o kit, a placa, os fios e uma “caixa de medidor” para
fazer a conexão. Mas, o ideal mesmo seria termos kits menores, portáteis, em
que poderíamos instalar uma destas placas e ligar o micro-ondas, a TV, o tal do
air fryer etc; fácil de instalar, caberia em qualquer espaço da casa e
dispensaria os custos de instalação. Se tivesse um destes kits e a preços
acessíveis, instalaria rapidamente um no meu apartamento!
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