O Canal de Suez faz parte da
história e, desde 1859 quando começaram seus trabalhos. Há muito tempo,
portanto, que a ligação continental foi planejada e não há nenhuma –
evidentemente – conspiração de domínio global, a China, a OMC ou outro
personagem das teorias de conspiração não faziam parte desta história.
No ano passado passaram ali quase
20 mil navios transportando quase todo tipo de mercadoria. E depois que os
contêineres se transformaram na melhor “embalagem” dos produtos de
exportação-importação, não se imagina o mundo sem esta passagem. O
engarrafamento do mês de março mostrou quanto o mundo é dependente desta
passagem e da navegação marítima. Em que pese o transporte de mercadorias por
aviões, cargueiros ou de passageiros, estima-se que 90% das mercadorias que
atravessam fronteiras seguem por navios. Quando o Brasil foi descoberto e
abriu-se novos mercados, as embarcações marítimas estavam presentes; quando há
muito ainda para se conquistar com produtos made
in Brasil, as embarcações marítimas ainda estarão lá.
O “engarrafamento do milênio” (e
poderia ter tido outro??) trouxe alguns temores e algumas ilustrações curiosas
na mídia, além das especulações de mercado. Começando por essa última, o preço
do petróleo subiu 5% logo no primeiro dia, muito mais pela perspectiva de lucro
rápido do que algum risco de desabastecimento. A mídia – e aí falta descobrir o
autor da brincadeira – já alardeava que poderia faltar papel higiênico, peça de
carro e de celular. Ora, isto seria imaginar que o mundo foi dominado pelo
conceito japonês do just in time de
forma tão uniforme no mundo inteiro que uma semana de atraso na entrega de
mercadorias afetaria todo mundo; em outras palavras ninguém – no mundo inteiro
– teria mais de uma semana de produtos em estoque?
Já os temores, são mais reais.
Mas, para quem administra portos.
Obs: As informações do Governo do
Egito indicam 18.880 navios passando pelo Canal em 2019, um crescimento de 3,9%
em relação ao ano anterior; não há, ainda, estatística formal para 2020.
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