segunda-feira, 18 de julho de 2011

Artigo: A patrimonialização da natureza


A natureza tem “dono”; e cada vez mais aparece alguém se intitulando proprietário inclusive de seus atributos. Mas, não é de hoje que esse “título de propriedade” foi incorporado por algumas empresas que empregam como argumento de vendas em seus produtos os encantos e os benefícios que os produtos naturais oferecem ao consumidor: a rede de cosméticos/beleza foi uma das pioneiras e até hoje se insiste no mesmo conceito associando o bem-estar individual com o meio ambiente.

Mas não é essa patrimonialização da natureza que tem alcançado maiores repercussões atualmente.

É a apropriação pelo poder público e a incorporação da natureza como atributo para sua preservação/exploração.

O turismo soube bem explorar esse atributo e várias são as paisagens anunciadas enquanto “experiências inesquecíveis”. No mundo inteiro essa política foi inicialmente associada ao exotismo e à diversidade (safari, escalada, canoagem, montanhismo, passeios no deserto etc). No Brasil ainda não conseguimos alcançar esse patamar apesar do apelo do Pantanal, da Floresta Amazônia ou das Cataratas: são, muitas vezes, apenas pontos turísticos para visitação ou deslumbramento.

Atualmente a tendência dos poderes públicos na patrimonialização da natureza tem por finalidade muito mais do que a mera preservação do espaço (natural ou modificado), tendo em vista o apelo da memorização e de historicidade: mais do que a contemplação, os fatos devem ter como fio condutor o aprendizado para as gerações futuras.

É nesse caminho, por exemplo, que as grutas/cavernas, inscrições rupestres, parques/áreas verdes, mangues etc são verdadeiras aulas práticas de geologia, etnografia, geografia, história, biologia, ecologia etc. E, com a preservação o ensinamento para gerações atuais e futuras.

A melhor percepção dos poderes públicos – e outros países estão bem avançados – é que essa natureza pode ser objeto de patromonialização com grande parcela de contribuição para a história do Ser humano mas que também pode ser acompanhada pelo turismo: a paisagem ou a natureza deve ser contemplada, mas ela merece bem mais do que o puro aproveitamento de quem visita e a mera lembrança de uma foto.

Afinal, se a natureza a todos pertence, cabe aos poderes públicos fazer bom uso de patrimônio da Humanidade.

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